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Indústria petrolifera vai perder empresas, diz presidente da Partex

O presidente executivo da Partex considerou hoje que a pandemia de Covid-19 vai ter consequências para a indústria petrolífera, "um bocado arrogante", obrigando-a à consolidação e reconversão, caminho em que algumas empresas desaparecerão e outras serão compradas.

Indústria petrolifera vai perder empresas, diz presidente da Partex
Notícias ao Minuto

06:45 - 27/04/20 por Lusa

Economia Covid-19

"O mercado vai ditar a competitividade das empresas" e neste cenário pós pandemia "sem dúvida" que haverá companhias que vão perder-se e "pode haver também mais consolidação", afirmou em entrevista à Lusa António Costa e Silva.

"Penso que caminhamos para aí indubitavelmente, portanto também haverá companhias que vão ser compradas", acrescentou.

O gestor prevê que o preço do barril de petróleo "provavelmente" vai descer "até aos dez ou 15 dólares".

"Estou a falar do Brent [petróleo do Mar do Norte, o de referência para a Europa] e depois esperamos que haja alguma estabilidade do mercado", sublinhou.

Neste contexto, Costa e Silva acredita que "a indústria vai aprender ou vai tentar adaptar-se à nova situação".

Porque a paralisação da atividade económica provocada pela pandemia já mostrou, "neste primeiro ensaio, aquilo em que a indústria petrolífera nunca acreditou, que é que pode haver um colapso da procura mundial de petróleo".

"A indústria não acreditou, quando havia a questão climática e se discutia o pico da procura que devia ocorrer. (...) Era um bocado arrogante", porque, de facto, nos últimos 35 anos a procura esteve sempre a subir - só em dois destes anos declinou, disse.

As companhias já estão a fazer "cortes brutais" nas despesas de investimento e nas despesas operacionais, uma revisão da estrutura de custos. "Se olhar para uma Saudi Aranco [Arábia Saudita], há cortes de 30% no investimento, há cortes significativos também na parte operacional. Mas há outras companhias no Médio Oriente que também estão a fazer cortes dessa natureza, da ordem dos 20 a 25% (...)", apontou.

Mas, além disso "vai haver também uma revisão grande do portefólio de projetos" em que estão envolvidas, sobretudo, daqueles "com altos custos de produção e alta intensidade de carbono".

Porque "é evidente que a indústria face a esta situação vai ter mais dificuldades em atrair investimento e em atrair capital", sublinhou.

E como esta é uma crise global e o consumo de petróleo vai durante muito tempo ser baixo e a recuperação "muito lenta", as companhias ainda terão de fazer mais do que isto para se manterem.

Costa e Silva defende que as empresas vão precisar também de se reconverterem e passarem a ser "companhias de multienergia".

"Já digo há muito anos que esta é única maneira de as companhias sobreviverem no futuro. Têm que investir mais nas energias renováveis, participar nos segmentos da eletricidade, diversificar os seus portefólios, apostar em novas tecnologias, tem que eventualmente crescer e competir na parte da mobilidade, sobretudo na elétrica", afirmou.

Para Costa e Silva, as companhias "têm de se converter. (...) E se não fizerem isso, coisa em que não acreditavam até aqui, podem arriscar-se a perder a chamada licença social para operar. E a indústria [passa] a ser vista, não como construtora de soluções, mas como promotora dos problemas".

No caso da Partex, exemplificou, há muitos anos que decidiu deixar de ser apenas uma empresa de petróleo e gás e passar a ser uma empresa multienergia.

"A outra coisa que decidimos era que o nosso portefólio, basicamente petróleo, tinha de ter cada vez mais gás, que é o mais limpo dos combustíveis fósseis e será fundamental para a transição energética, para respondermos aos desígnios da conferência do clima de Paris".

E isto, apontou, "também já é visível nos próprios Estados Unidos", onde para somar a todo o cenário existente se jogam interesses eleitorais.

"Muitas das indústrias do petróleo de xisto, que foi a revolução nos Estados Unidos, (...) estão hoje em situação difícil". E acredita-se que "cerca de 19% da produção americana vai ser afetada até ao fim do ano", ou seja, "cinco a seis milhões de barris".

Na opinião de Costa e Silva, "se isto acontecer vamos ter uma reconversão da própria indústria nos Estados Unidos", sublinhou.

Mas em ano de eleições, o Presidente Donald Trump está a jogar com várias medidas, "está a usar as reservas estratégicas do país, para comprar o petróleo barato e retirar parte dos constrangimentos da capacidade de armazenagem, está a pensar em leis para apoiar as companhias, portanto o governo vai dar empréstimos diretos a algumas das empresas".

Assim, uma das grandes questões que se coloca hoje no mercado petrolífero é saber até que ponto o presidente norte-americano vai fazer isso "com fins claramente eleitorais".

"Se tivermos aqui uma intervenção cega do Estado no mercado, que sustenta todas as companhias, incluindo aquelas que não são produtivas, com custos elevados de produção e ineficientes, arrisca-se a distorcer o mercado. Esperamos que isso não aconteça", disse António Costa e Silva.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 204 mil mortos e infetou mais de 2,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

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