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Florestgal quer financiar floresta de conservação com apoio de privados

A empresa pública Florestgal, criada em 2018, quer avançar este ano com os primeiros projetos de financiamento de floresta de conservação a partir do patrocínio de privados.

Florestgal quer financiar floresta de conservação com apoio de privados
Notícias ao Minuto

09:30 - 26/04/20 por Lusa

Economia Florestgal

A empresa, sediada em Figueiró dos Vinhos, um dos concelhos afetados pelo grande incêndio de junho de 2017, vai avançar já este ano com projetos de "forest sponsoring" (patrocínio de floresta), disse à agência Lusa o presidente da Florestgal, José Miguel Medeiros, antigo secretário de Estado da Proteção Civil e ex-deputado do PS.

Neste ano, a Florestgal perspetiva já financiar a criação e manutenção de florestas de conservação a partir de empresas que irão usar terrenos sob sua gestão para a instalação de parques fotovoltaicos.

"Uma empresa que tenha interesse em energia solar paga 'X' por utilizar 500 hectares, mas em paralelo será patrocinadora de outros 500 hectares. O que a reflorestação der é para a nossa empresa", exemplificou José Miguel Medeiros.

No entanto, a empresa pública pretende também avançar com o patrocínio de florestas de conservação como medida para balançar a pegada ecológica das empresas.

"Hoje, assistimos a uma situação em que a pegada carbónica é exageradíssima e é preciso reduzi-la. Há um conjunto de empresas que vão continuar a emitir carbono, mas já não é possível fazer isso sem tomar algumas medidas para contrapor [as emissões]. Nós podemos ser a alternativa", vincou.

Segundo o responsável, a ideia passa por as empresas assegurarem o financiamento por períodos de 30 ou 40 anos de um povoamento de floresta de conservação e a sua manutenção, com o plano de gestão definido pela própria Florestgal.

"É uma forma que têm de ganhar reputação. Ficam bem na fotografia ambiental", notou José Miguel Medeiros.

Para além deste projeto, a empresa florestal tem em mãos outras iniciativas que ainda não estão finalizadas, nomeadamente em Penacova, numa parceria com a autarquia, e em baldios da Pampilhosa da Serra.

Para 2020, a Florestgal prevê ter receitas de cerca de quatro milhões de euros, sendo uma das principais fontes a venda de madeira.

Questionado pela agência Lusa sobre se um orçamento de quatro milhões de euros não limita a ação de uma empresa que se pretende que tenha uma ação em grande parte do território acima do Tejo, José Miguel Medeiros vincou que a empresa conta com um capital social de 24 milhões de euros ("herdado" da anterior empresa Lazer e Floresta) e que não tem qualquer dívida.

"Temos capacidade de endividamento e temos que ir ao mercado de capitais se for preciso", referiu.

No entanto, o responsável admite desafios nessa área.

"Estamos num setor em que apenas o mercado do eucalipto está minimamente desenvolvido. Se eu for ter com um proprietário, ele está habituado aos preços do arrendamento do eucalipto, que tem o primeiro corte ao fim de dez ou 12 anos, enquanto o pinheiro só dá rendimento ao fim de 30 anos. Eu não posso pagar o mesmo por hectare por ano pelo pinheiro. A mesma coisa com o sobreiro ou o carvalho", nota José Miguel Medeiros.

Questionado pela Lusa sobre como é que uma empresa que não tem qualquer transferência do Estado consegue competir com os preços praticados pelas celuloses, o responsável vinca que a Florestgal não é concorrente das celuloses ou de outras empresas do setor florestal.

Para José Miguel Medeiros, é "difícil o equilíbrio entre lei do mercado e o pensamento a longo prazo para a floresta", porém, considera que se não se tentar não se saberá se é possível fazê-lo.

José Miguel Medeiros salientou que a Florestgal "vai tentar responder ao mercado, como qualquer empresa que queira ser eficiente", se não, vinca, seria "um instituto público" e não uma empresa pública de direito privado.

A Florestgal foi criada a partir de uma empresa já existente, a Lazer e Floresta, 'herdando" os seus ativos, que neste momento são 12.831 hectares distribuídos por 86 propriedades em 26 concelhos de 13 distritos de Portugal Continental, para além de mais de mil hectares em arrendamento a longo prazo.

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