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"Não se entende como é possível crucificar empresas de um só município"

Uma transportadora de Ovar, concelho desde 18 de março sob cerco sanitário e paragem de toda atividade não afeta a bens de primeira necessidade, manifestou-se hoje contra a "crucificação" das empresas locais, quando há municípios mais afetados pela covid-19.

"Não se entende como é possível crucificar empresas de um só município"
Notícias ao Minuto

10:50 - 06/04/20 por Lusa

Economia Covid-19

"Compreendemos que tenham de ser tomadas medidas contra este vírus mortífero, mas não se entende como é possível crucificar as empresas de um só município, quando o país se encontra todo ele em estado de emergência e existem muitos mais casos [de covid-19] noutros concelhos do que no nosso", afirmou Sophie Silva, diretora de serviços da Transportes Pardieiro, que emprega 54 pessoas naquele concelho do distrito de Aveiro.

A empresária revela que, além da Transportes Pardieiro, há outras unidades locais que atualmente "veem as suas principais concorrentes a apoderarem-se dos seus clientes e encomendas" e atribui o problema "a esta cerca sanitária que não faz sentido".

"Como é admissível deixar as pessoas passearem o cão, irem às compras, fazerem a sua caminhada e corrida matinal, estarem durante o dia a socializar com os vizinhos? Será que esses locais onde circulam estão vedados ao vírus? Só se vierem trabalhar para as empresas é que o vírus atua, de segunda a sexta-feira?", questiona Sophie Silva.

Para a diretora de serviços daquela transportadora, se as autoridades locais e nacionais "querem proibir os trabalhadores de laborar nas empresas que tiveram o cuidado de preparar planos de contingência para evitar contágios", então "que os proíbam também de sair de casa".

Integrando o grupo de empresas que já na semana passada se manifestaram contra o prolongamento do cerco sanitário até 17 de abril por esse não acautelar a atividade empresarial local, Sophie Silva realçou que o tecido económico de Ovar "está a ser discriminado em relação ao resto do país, sendo visto como o transmissor da covid-19".

A propósito da sua própria expedição de embalagens alimentares e farmacêuticas, a empresária dá exemplos: "Os nossos motoristas têm sido tratados pior do que cães leprosos, são marginalizados e maltratados só por virem de Ovar, pois a empresa tem a localidade inscrita nas lonas nos seus camiões. Mesmo quando ignoram que somos de Ovar, mal tomam conhecimento disso são postos logo à parte com tempos de espera infinitos, proibidos de sair do camião, de se aproximarem, de entregarem as guias e ainda ouvem 'vocês nem deviam ter saído de lá, vão infetar-nos a todos'".

"Chega-se ao cúmulo de camiões vindo de Espanha ou Itália não serem discriminados, mas os de Ovar serem logo postos de parte! Tivemos motoristas que, pela forma como foram tratados, querem desistir de trabalhar. É isto que o cerco veio trazer - má fama para as pessoas e empresas do concelho", acrescentou.

Antecipando que grande parte das empresas locais "vão sufocar financeiramente" e que o desemprego irá aumentar "devido a estas tomadas de decisão inconscientes", Sophie Silva acrescenta: "Se o Presidente da República apelou que a economia não podia parar, como é possível esta tomada de posição tão radical em Ovar?".

A diretora da Pardieiro alega que "o país terá que parar, mas mesmo todo, incluindo supermercados, quiosques, restaurantes 'take-away', etc.", porque só assim os empresários estarão "todos ao mesmo nível" e haverá condições para "conter este maldito vírus".

Era esse regime de igualdade nacional, portanto, que "a Câmara Municipal de Ovar deveria ter defendido para proteger quer as suas gentes, quer as empresas" do concelho, defendeu.

"Adivinhamos um futuro muito triste só por sermos de Ovar. O vírus poderá não matar os empresários e suas famílias, mas as suas empresas, essas sim, garantidamente, ele irá aniquilar. Mais vale entregarmos as chaves à Câmara, pois não serão as supostas ajudas do Estado que irão fazer com que estas empresas consigam um dia, depois desta paragem, recuperar as suas encomendas, os seus clientes e o seu equilíbrio económico, "concluiu.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 68.000 morreram.

Em Portugal, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 11.278 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 295 morreram, 1.084 estão internados em hospitais, 75 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens essenciais. A medida foi, entretanto, prolongada até 17 de abril.

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