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Covid-19: 'Default' em Angola é cada vez mais provável

O consultor da Capital Economics que segue a economia de Angola alertou hoje para o perigo de o país entrar em 'default' (Incumprimento Financeiro) devido à depreciação do kwanza e ao aumento dos custos de financiamento.

Covid-19:  'Default' em Angola é cada vez mais provável
Notícias ao Minuto

11:55 - 31/03/20 por Lusa

Economia Capital Economics

"O colapso dos preços das matérias-primas atingiu Angola em força, especialmente num contexto em que o crucial setor do petróleo estava já em dificuldades antes mesmo da propagação da pandemia", disse Virág Fórizs à Lusa.

"Só até meados deste mês o kwanza já caiu 7% face ao dólar, e vai provavelmente continuar a cair no resto do ano", acrescentou o analista, vincando que "com os títulos de dívida em dólares já em valores insustentáveis, um 'default' parece cada vez mais provável".

Questionado sobre o critério para considerar que o custo dos juros é insustentável, Fórizs disse que "a referência histórica que normalmente precede os 'defaults' é os 1000 pontos base (10%)" e alertou que "Angola já ultrapassou este valor há algum tempo".

Para este ano, a Capital Economics estima que a economia continue a contrair-se, prevendo uma retração de 3,5%.

Questionado sobre como pode Angola melhorar a situação económica, o analista da Capital Economics explicou que uma das soluções é aumentar o envolvimento com as instituições de financiamento multilateral e o volume do programa de assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que, aliás, espera que aconteça não só em Angola, mas também noutros países.

"O FMI apoiou o pedido dos ministros das Finanças africanos relativamente à suspensão de todos os pagamentos da dívida, o que libertaria cerca de 44 mil milhões de dólares [um pouco mais de 40 mil milhões de euros] este ano, mas mesmo que esta iniciativa avance, não será suficiente para impedir que as economias africanas continuem em dificuldades este ano", disse o analista à Lusa.

As medidas de isolamento social, acrescentou, são mais difíceis de implementar no continente, onde a economia informal e a concentração populacional tornam mais gravoso a contenção em casa, porque há muitos trabalhos que são pagos ao dia e outros que escapam às regras do modelo ocidental da relação laboral.

"Um quarto dos trabalhadores na África do Sul ou está no setor informal ou é empregado doméstico, e podem perder todos os rendimentos se ficarem em casa", exemplificou o analista, concluindo que "apesar de os números não serem exaustivos, é certo que a maioria dos africanos não tem poupanças suficientes para sobreviver a um período de desemprego forçado, o que o torna mais difícil a aplicação das regras de isolamento domiciliário".

Num relatório da semana passada, a Capital Economics já escrevia que "em termos de quais os países onde o 'default' é mais provável, Angola e Zâmbia, bem como o Equador, destacam-se", argumentando que "um ponto importante é que em Angola e no Equador o incumprimento financeiro seria mais ordenado devido ao acordo com o FMI, que lhes daria assistência técnica e garantias aos investidores relativamente ao novo plano de pagamentos.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O número de mortes por covid-19 em África subiu para 173 nas últimas horas com os casos confirmados a ultrapassarem os 5.000 em 47 países, de acordo com as mais recentes estatísticas sobre a doença no continente.

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