"A Fectrans manifesta a sua oposição ao acordo feito entre o Governo e uma associação patronal do setor de mercadorias, que suspende a medida dos trabalhadores motoristas do transporte internacional, que apontava para um período de isolamento profilático a todos os que regressassem a Portugal", defendeu, em comunicado, a federação.
Por outro lado, para a Fectrans, numa altura em que se exigem medidas de proteção aos trabalhadores, "não faz sentido" que se derroguem as normas que regulam os tempos de condução e repouso.
"Foi a construção e a reconstrução do CCTV [Contrato Coletivo de Trabalho Vertical] que muito contribuiu para acabar com todos os artifícios usados para manter os trabalhadores motoristas a trabalhar praticamente de forma contínua e que agora com esta medida vem repor", apontou, vincando ainda que a segurança rodoviária e dos motoristas não deve ser comprometida.
A federação sindical considerou também "não ser admissível" o executivo não ter discutido esta matéria com a organização representativa dos trabalhadores, uma vez que esta integra o próprio CCTV.
O Dinheiro Vivo noticiou hoje que a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) chegou a um entendimento com o Governo para que os motoristas de mercadorias não sejam obrigados a ficar em quarentena após passarem a fronteira e entrar em Portugal, uma medida da DGS, considerada pelos patrões "demasiado violenta".
O Governo decidiu suspender por 15 duas o tempo de descanso dos motoristas de bens essenciais, em linha com as orientações europeias, facilitando e agilizando o transporte de mercadorias, face ao desenvolvimento da pandemia covid-19.
"Com o objetivo de facilitar e agilizar o transporte terrestre de mercadorias, garantindo o abastecimento de bens essenciais, o Governo, em linha com as orientações europeias, decidiu derrogar de forma temporária, por um período de quinze dias, o tempo de descanso dos motoristas de transportes de bens essenciais", anunciou hoje, em comunicado, o Ministério das Infraestruturas.
Com esta medida, o Governo levanta o limite máximo diário de condução e afasta as disposições relativas aos períodos de repouso semanal.
Portugal regista hoje 60 mortes associadas à covid-19, mais 17 do que na quarta-feira, e 3.544 casos de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.