De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que cita duas fontes não identificadas, Luanda já decidiu adiar para setembro ou até mesmo para o próximo ano a emissão de títulos de dívida soberana, na sequência da queda dos preços do petróleo e da pandemia da covid-19.
As taxas de juro exigidas pelos investidores para transacionarem a dívida de Angola com maturidade a 2025 ronda os 23,5%, o triplo do valor registado no princípio do mês, de acordo com a Bloomberg, que escreve que o mercado financeiro está, na prática, fechado para os emissores africanos devido aos receios dos investidores.
A notícia do adiamento surge poucos dias depois do decreto presidencial que autorizava a ministra das Finanças, Vera Daves, a dar início ao processo de emissão de dívida soberana num valor que podia ir até 3 mil milhões de dólares, cerca de 2,8 mil milhões de euros.
Nesse mesmo dia, João Lourenço assinava também um conjunto de medidas tendentes a controlar a propagação da covid-19, controlando as fronteiras por mar, terra e ar durante duas semanas.
"Acho que nesta altura não se devem fazer emissões de 'Eurobonds' [títulos em moeda estrangeira]", disse o diretor do departamento de investimento da gestora de ativos Capitulum Asset Management, que gere mais de 1,4 mil milhões de euros em ativos, incluindo dívida de Angola.
"Angola tem de esperar até os mercados recuperarem e emitir a níveis de dívida normais, abaixo dos 10%, porque acima deste montante nenhum país deve emitir dívida", alertou Lutz Roehmeyer.
Nos últimos dias, vários analistas têm alertado para as consequências negativas para o país da situação atual de pandemia e de preços baixos e para a consequente necessidade de revisão do orçamento para este ano face à redução do preço do petróleo para cerca de 30 dólares, o que compara com uma previsão de média de 55 dólares por barril inscrita no Orçamento Geral do Estado.