"A [empresa] Páginas Amarelas (PA) está a passar por um Processo Especial de Revitalização (PER) e vai dispensar 130 trabalhadores por mútuo acordo, de um total de 240", disse à Lusa o representante dos trabalhadores João Heitor, lembrando que a concentração, em Lisboa, serve para "exigir à administração da PA que cumpra com os direitos legais dos trabalhadores" que serão dispensados e "sensibilizar a Portugal Telecom".
"A administração quer promover a saída dos trabalhadores, mas pagando-lhes, em prestações e sem garantias, um valor consideravelmente inferior ao mínimo legal previsto em caso de despedimento coletivo", alertou.
"Os trabalhadores da PA não estão dispostos a aceitar estas condições, até porque têm feito um sério esforço para apoiar a empresa no processo de reestruturação", adiantou ainda à Lusa João Heitor, realçando que a PA obteve resultados "acima dos objetivos traçados para 2013 e numa conjuntura de mercado que não é fácil".
O plano de revitalização das Páginas Amarelas passa, nomeadamente, pela "redução do número dos seus trabalhadores, caso o PER seja bem-sucedido", explicou João Heitor, adiantando que, se isso não acontecer, "a PA pode caminhar para um processo de insolvência".
Fundada em 1957, a empresa Páginas Amarelas tem como grande missão juntar compradores e vendedores.
O negócio da PA esteve até bem recentemente muito ligado às tradicionais listas impressas, Páginas Brancas e Páginas Amarelas, atuando no mercado como agente da Portugal Telecom.
O negócio da PA assenta essencialmente em produtos e serviços de marketing digital -- mais de 80% da receita -- incluindo construção e manutenção de sites, gestão de campanhas de prémios no portal Google e Sapo e gestão de campanhas de anúncios no Facebook e nas redes de sítios nacionais que, no seu conjunto, cobrem 90% da população com acesso à Internet.
Sendo nesta altura o maior 'player' do mercado online em Portugal, a PA faz a gestão de mais de 25.000 sítios e de mais de 23.000 campanhas de Google Adwords, sendo o maior parceiro do Google no sul da Europa, mas está a passar por um processo de revitalização.
"Os trabalhadores compreendem a necessidade de uma reestruturação dos recursos humanos ao serviço da empresa e estão dispostos a colaborar na reestruturação, mas desde que sejam garantidos os seus direitos legais", disse à Lusa o mesmo responsável.
A empresa PA "não tem dívidas", de acordo com Jorge Heitor, e passou nos últimos anos por vários processos de reestruturação, mas "em nenhum deles" as condições apresentadas aos trabalhadores foram abaixo dos valores legais, lamentou.
A contraproposta que os trabalhadores apresentaram à administração da PA "é sensível às dificuldades de tesouraria que a empresa atravessa", prevendo o pagamento dos valores indemnizatórios de forma diferida e não aumentando o esforço financeiro da empresa.
Num ano em que a Portugal Telecom regista "grandes lucros", para os quais a PA continua a contribuir - cerca de 54 milhões de euros desde 2008 e cerca de 3,6 milhões de euros só em 2013, "os trabalhadores da PA vêm um acordo com a administração da PA "preso por um valor" inferior a 1,6 milhões de euros, explicou.
Segundo João Heitor, este valor, de cerca de 1,6 milhões de euros respeita ao montante global de todas as indemnizações, sendo que "o esforço financeiro nos primeiros 21 meses a partir da data de cessação dos contratos não será superior, ou seja, não existe uma necessidade de capitalização imediata da PA".
A diferença de valor entre a proposta da administração da PA e a proposta dos trabalhadores poderá ser ultrapassada "apenas com os resultados da operação da empresa", disse à Lusa o representante dos trabalhadores da PA, adiantando que estes "não podem deixar de manifestar de forma pública o seu fundado receio e ansiedade" pelo seu futuro e pelo futuro da empresa.
No final da concentração, em Lisboa, uma delegação de trabalhadores da PA entregou uma carta à administração da Portugal Telecom para sensibilizá-la para as negociações sobre a saída dos 130 dos trabalhadores.
Os trabalhadores da PA querem saber também qual vai ser o seu futuro, no âmbito da reestruturação e obterem uma resposta à carta já enviada este ano à administração da empresa, além de pretenderem sensibilizar a Portugal Telecom para o seu problema.