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BCP com custos de 53,8 milhões devido a novo regime de impostos diferidos

O BCP teve custos de 53,8 milhões de euros em 2019 devido ao novo regime de impostos diferidos da banca, por considerar que não conseguirá recuperar parte dos créditos fiscais criados no passado.

BCP com custos de 53,8 milhões devido a novo regime de impostos diferidos
Notícias ao Minuto

20:33 - 20/02/20 por Lusa

Economia BCP

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2019 (lucros de 302 milhões de euros, praticamente os mesmos registados em 2018), o presidente executivo, Miguel Maya, disse que a alteração legislativa que fez a equivalência de custos contabilísticos e fiscais "acabou por sair bastante diferente do que se tinha perspetivado", o que significou encargos significativos para o banco.

Questionado sobre o tema, o administrador financeiro, Miguel Bragança, explicou que a nova lei aprovada o ano passado (que assemelha o valor que os bancos reconhecem contabilisticamente e que o fisco reconhece para dedução em impostos, minimizando a criação de novos ativos por impostos diferidos, que se podem traduzir em créditos fiscais) inclui um período transitório de cinco anos para a dedução dos ativos por impostos diferidos acumulados pelos bancos, que considerou que não "é suficiente" pelo que o banco teve já de reconhecer custos pela impossibilidade de vir a recuperar parte dos créditos fiscais acumulados.

Já questionado sobre se o BCP teve necessidade em 2019 de fazer uma dotação extra do fundo de pensões, face às baixas taxas de juro, Miguel Bragança disse que em dezembro de 2018 as responsabilidades eram de 3.066 milhões de euros e que em dezembro eram de 3.500 milhões de euros e que essa "diferença teve de ser financiada", não dando valores concretos, mas referindo que foram "centenas de milhões" de dotação adicional do banco no fundo de pensões.

O BCP registou lucros de 302 milhões de euros em 2019, num ligeiro aumento (de 900 mil euros) face aos 301,1 milhões de euros registados em 2018, divulgou hoje o banco.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, o presidente executivo do banco, Miguel Maya, referiu que são "os melhores resultados dos últimos 12 anos", apesar do aumento marginal de 0,3% face a 2018.

Segundo o banco, face a 2018 houve uma melhoria do resultado associado à atividade mas teve de fazer face a vários custos que impediram que os lucros fossem maiores, designadamente 53,8 milhões de euros de efeito fiscal de deixar de reconhecer ativos por impostos diferidos, 26 milhões de euros de provisões para créditos hipotecários em francos suícos na operação Polónia, 11 milhões de euros de custos de integração do Eurobank (o banco comprado na Polónia e integrado no polaco Bank Millennium), 9,2 milhões de euros de custos de reestruturação de trabalhadores e compensação financeira pelos anos em que o BCP fez cortes salariais, 8,6 milhões de euros de efeito das taxas de juro negativas, 8,4 milhões de euros de imparidades iniciais do Euro Bank Polónia e 7,3 milhões de contribuições obrigatórias para o setor financeiro.

Já em sentido contrário, em 2019, o BCP registou ganhos de 37,5 milhões de euros com mais-valias de venda de dívida pública portuguesa.

Questionados sobre se essas operações foram feitas para melhorar as contas, os responsáveis do BCP disseram que as vendas fazem parte da revisão regular da carteira de obrigações soberanas e não quiseram divulgar o valor vendido.

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