Taxa fixa ou variável? Tudo uma questão de perspetiva
Um artigo de opinião assinado por João Morais Barbosa, Administrador da Reorganiza.
© João Morais Barbosa
Economia Artigo de opinião
"Há quem tenha taxa fixa e hoje está insatisfeito porque podia estar a pagar menos, e há quem esteja satisfeito porque optou pela taxa de juro variável, indexada à Euribor, que está em mínimos históricos. Mas, podíamos estar a descrever um cenário completamente inverso.
Não existe uma resposta certa para esta questão, nem uma que satisfaça todas as carteiras. É tudo uma questão de perspetiva.
Comprar casa é uma escolha para a vida e é uma decisão que deve ser ponderada, mas, sobretudo, consciente. A situação financeira familiar do momento é um fator importante, mas pode não ser sempre assim. E, infelizmente, todos nós conhecemos histórias menos felizes.
Mas, vamos por partes. Será que todos sabemos o que cada taxa implica? Designa-se por taxa variável aquela que está dependente das flutuações das taxas de juro de referência, indexadas à Euribor, e que podem ser revistas, para cima ou para baixo, a 1, 6 ou 12 meses. Ou seja, uma roleta russa. Entende-se por taxa fixa aquela que é acordada entre o cliente e o banco e que permanece inalterável durante parte ou a totalidade do contrato. Ou seja, um dado adquirido.
Posto isto, qual devo escolher? Qual a mais vantajosa? Se não estivéssemos a falar de finanças talvez as respostas a estas questões fossem diferentes. Mas, quando envolve a nossa segurança financeira e a estabilidade da nossa família, a prudência tende a falar mais alto.
Para escolhermos em consciência é importante saber que ao contratar um crédito com a opção de taxa fixa vamos pagar sempre a mesma prestação mensal, independentemente da conjuntura financeira. Pode ser um pouco mais elevada à partida, mas não acarreta surpresas e sabemos sempre com o que contamos. Se optarmos por um crédito com uma taxa variável temos que estar conscientes para a forte componente de incerteza. Uma escolha que tem implicações diretas na gestão do orçamento familiar.
Por isso, o ponto de partida é um fator muito importante. Há que ter em consideração a atual folga orçamental, assim como considerar se existe margem para uma eventual subida da prestação mensal, que pode chegar a duplicar com uma taxa variável. Com a taxa fixa, esta incerteza desaparece, o que acaba por dar um maior conforto.
É necessário ter ainda em atenção que a escolha da taxa fixa ou variável também pode implicar uma maior ou menor facilidade na atribuição do crédito, e este é também um fator a ter em conta. As operações com taxa variável tendem a ser mais penalizadas pois os bancos precisam de acautelar a eventual subida das taxas de juro, prejudicando a análise e dificultando a aprovação do crédito.
Mas no final, a questão mais relevante na escolha talvez seja a maneira de ser e estar de cada um. Estou disposto(a) a navegar à deriva ou prefiro águas mais calmas? Vivo bem com a incerteza ou prefiro saber com o que posso contar? Ou seja, não há respostas certas, apenas perspetivas diferentes."
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