Cooperação multilateral "mais sólida" é essencial para a retoma mundial
Uma cooperação multilateral "mais sólida" e a tomada atempada de medidas de suporte de âmbito nacional são apontadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como "prioritárias" para potenciar uma retoma económica mundial sustentada e generalizada.
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Economia FMI/Previsões
Na atualização feita hoje ao seu 'World Economic Outlook' (WEO), um relatório com previsões económicas mundiais, o FMI adverte que, "apesar dos tímidos sinais de estabilização, o risco de que o crescimento mundial fiquem aquém do desejável durante um longo período continua a ser tangível", pelo que "desacertos na adoção de políticas debilitariam ainda mais uma economia mundial já de si precária".
"Pelo contrário, uma cooperação multilateral mais sólida e a adoção de políticas nacionais que assegurem um suporte oportuno poderão facilitar uma recuperação sustentável e que beneficie a todos", sustenta.
Para o FMI, "é um imperativo chave em todas as economias ampliar a inclusão e garantir que as redes de proteção social estão, de facto, a proteger os mais vulneráveis e que as estruturas de governo estão a reforçar a coesão social".
Neste contexto, a instituição liderada por Kristalina Georgieva defende um "cooperação transfronteiriça mais estreita em múltiplas frentes".
"Os países devem rapidamente resolver o descontentamento relacionado com as regras do sistema comercial, abordar sem demoras a situação de bloqueio no sistema de resolução de conflitos da Organização Mundial de Comércio e sanar os desacordos sem recurso ao aumento de tarifas e outras barreiras não tarifárias", lê-se no relatório hoje divulgado.
Segundo sustenta, "é pouco provável" que as tensões tecnológicas entre os países se resolvam "a menos que as partes envolvidas cooperem para restringir os ciberataques e sanar questões pendentes relacionadas com os direitos de propriedade intelectual e a transferência de tecnologia".
"Se não se resolvem os conflitos ao nível do comércio e da tecnologia irá minar-se a confiança e debilitar-se o investimento, o que potenciará a perda de empregos e, a mais longo prazo, condicionará o crescimento da produtividade e atrasará a evolução do nível de vida", considera o FMI.
Ainda defendida pela instituição é a "cooperação urgente" entre os vários países "para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e limitar o aumento da temperatura global", através de uma abordagem que garanta "uma adequada distribuição do esforço entre as várias nações e dentro de cada país".
Outros aspetos em que uma cooperação mais estreita permitiria melhorar a inclusão e a resiliência consistem em reduzir a evasão fiscal transfronteiriça e a corrupção; evitar recuos nas reformas da regulação financeira mundial e garantir que a rede global de segurança financeira esteja dotada dos recursos adequados.
No caso específico das economias desenvolvidas, e considerando o seu já "modesto potencial de crescimento", o FMI defende que os países que dispõem de margem fiscal "deveriam incrementar o investimento em iniciativas fomentadoras do crescimento e da produtividade" nos domínios da investigação, capacitação e infraestruturas.
"A menos que a procura privada seja muito débil, os países com elevados níveis de dívida deveriam, em geral, levar a cabo consolidações para estarem preparados para a próxima desaceleração que se avinha", considera.
Os países que disponham de margem fiscal ou cuja política fiscal ainda não é demasiado expansiva "podem recorrer mais ao estímulo fiscal para apoiar a procura, se tal for necessário".
A estratégia deve ainda passar por um "forte investimento [...] em áreas que fortalecem o crescimento potencial e uma adequada distribuição da riqueza, incluindo a educação, saúde, capacitação da mão-de-obra e infraestruturas".
E embora os países em processo de consolidação da dívida tenham uma menor margem de manobra, o Fundo Monetário entende que, "se a atividade enfraquecer substancialmente e as condições de mercado o permitirem, podem abrandar esta consolidação fiscal para evitar um período prolongado de crescimento abaixo do potencial".
Ainda referido pelo FMI como "prioridade política para as economias desenvolvidas" é o reforço das políticas macro prudenciais, uma supervisão mais proativa e, em alguns casos, uma "limpeza mais aprofundada dos balanços dos bancos, tendo em conta as vulnerabilidades que se continuam a acumular durante um período prolongado de baixas taxas de juro".
No que respeita às prioridades de política para as economias de mercados emergentes e em vias de desenvolvimento, o FMI aponta, consoante os casos, a realização dos "necessários ajustes para restabelecer a confiança e promover o retorno a um crescimento estável e sustentável"; a consolidação das economias mais endividadas; e a garantia de resiliência financeira (mantendo reservas adequadas de capital e liquidez).
Globalmente, neste grupo de países, a instituição destaca como "objetivo comum" promover "um crescimento mais inclusivo através do investimento em saúde e educação para melhorar o capital humano", ao mesmo tempo que se incentiva "o investimento de empresas que gerem postos de trabalho de alto valor acrescentado e empreguem de forma produtiva amplos segmentos da população".
O FMI baixou hoje as suas projeções para a economia mundial, estimando crescimentos de 2,9% em 2019, de 3,3% em 2020 e de 3,4% em 2021, sobretudo penalizados pelo desempenho de economias emergentes como a Índia.
As novas estimativas constam da atualização ao WEO do FMI e representam uma revisão em baixa de 0,1 pontos percentuais para 2019 e 2020 e de 0,2 pontos percentuais para 2021 face às anteriores previsões de outubro do ano passado.
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