"Impacto negativo das taxas de juro" na banca vai continuar
O "impacto negativo das taxas de juro ultrabaixas nas receitas vai continuar" na banca, de acordo com a agência de notação financeira ('rating') canadiana DBRS, que alertou hoje para os custos, riscos operacionais e alterações climáticas em 2020.
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Economia DBRS
Segundo o relatório "Banca europeia: temas-chave em 2020", hoje divulgado pela DBRS, "com o crescimento dos ativos provavelmente em estagnação em 2020, o impacto negativo das taxas de juro ultrabaixas nas receitas vai continuar".
Destacando que "os bancos europeus têm operado num ambiente de taxas de juro ultrabaixas desde 2014", a DBRS assinala também que as instituições de crédito "têm passado as taxas negativas para depositantes corporativos" e "não é ainda claro como é que isto poderá impactar a relação com os clientes".
A DBRS prevê que "a pressão nos rendimentos líquidos de juros dos empréstimos deverá continuar, dadas as recentes decisões do BCE [Banco Central Europeu] sobre as taxas de juro", pois na zona euro "o BCE cortou as taxas de juro nos depósitos para um recorde de -0,5% em setembro de 2019" e "não há sinal no horizonte de um regresso a taxas de juro positivas".
"As prolongadas taxas negativas na zona euro estão a colocar novos desafios em termos de gestão de ativos e passivos, como é demonstrado por um maior número de bancos que começaram a passar as taxas negativas a depositantes de retalho", como é o caso do Unicredit, ABN Amro, Deutsche Bank e Bankia, numa medida que na maioria dos casos afeta depositantes acima dos 100.000 euros, indica a DBRS.
A agência de 'rating' canadiana considera que, "dado o difícil ambiente nas receitas, será fulcral para os grandes bancos europeus reduzir ainda mais os custos operacionais, mas mantendo os investimentos necessários para abordar a crescente concorrência e requerimentos regulatórios e de 'compliance' [conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares]".
A DBRS destaca que desde 2013 até ao 3.º trimestre de 2019 "houve aproximadamente uma descida de 2,0% no número médio de empregados" na banca nos principais países europeus, apesar da "atividade em fusões e aquisições em alguns bancos ter levado a um aumento de empregados".
"Em particular, em Espanha, o número de empregados aumentou no Sabadell, Santander e CaixaBank como resultado de grandes aquisições, como o TSB em 2015, o Banco Popular em 2017 e o Banco BPI em 2017, respetivamente", assinala a agência.
A DBRS observou que, "desde a crise financeira, muitos grandes bancos na Europa fizeram esforços materiais para potenciar a eficiência operacional, mas, no entanto, as poupanças atingidas através de reduções no pessoal e redes de agências otimizadas ou centralização de 'backoffice' tendem a ser contrabalançadas com custos adicionais ligados a investimentos na digitalização e a abordar a concorrência das 'Fintech' [empresas financeiras tecnológicas], bem como os custos regulatórios, de 'compliance' e de reestruturação".
"Esperamos que os grandes bancos europeus continuem a reduzir custos operacionais", declarou a DBRS no relatório, assinalando a redução de 18.000 empregados do Deutsche Bank até 2022, de 4.000 do Commerzbank até 2023, e de mais de 3.000 no Santander.
A DBRS vê também "riscos operacionais" para a banca em 2020, relacionados sobretudo com "lavagem de dinheiro e violação de sanções", bem como "ciberataques e fugas de dados".
A agência espera também "que os modelos de regulação para os bancos europeus encorajem ainda mais a contribuição para objetivos de desenvolvimento sustentável e para a gestão de riscos ambientais, sociais e de governança".
A DBRS destaca ainda que o crédito malparado "vai continuar a descer graças a medidas governamentais, nomeadamente com Portugal e a Grécia destacados numa redução ainda maior dos empréstimos não produtivos em 2020".
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