EDP: Centrais a carvão vão continuar a funcionar enquanto forem rentáveis
O administrador da EDP Rui Teixeira garantiu hoje que as centrais a carvão da elétrica vão continuar a funcionar enquanto forem rentáveis, apesar de admitir que estas têm custos de produção mais elevados.
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Economia EDP
"Não estamos a anunciar o encerramento ou uma data de fim de vida. As centrais deverão continuar a funcionar até serem rentáveis. Já estamos a desenvolver trabalho em alternativas [...]. Para que, quando chegue o momento, se perceba qual é a evolução dos ativos", explicou Rui Teixeira, que falava aos jornalistas, em Lisboa.
Este responsável disse ainda que esta venda mostra não só a capacidade da empresa "construir, mas também de cristalizar valor", acrescentando que se tem observado "uma deterioração significa" da realidade de funcionamento das centrais a carvão na Península Ibérica, que resulta "de uma evolução das condições de mercado", que fez com que estas centrais passassem a ser "muito mais caras" na produção de eletricidade, do que as centrais a gás, deixando de ter "tanto espaço para funcionar no mercado".
Assim, desde janeiro de 2019, é mais barato, em média, trabalhar com centrais a gás do que com centrais a carvão.
"A central de Sines, em particular, tem estado parada muito tempo no segundo semestre de 2019 e as previsões, neste momento, são até para que no próximo mês continue parada durante muitas horas", exemplificou.
O administrador indicou também que a elétrica fez uma análise sobre as centrais a carvão que detém na Península Ibérica, que revelaram que, em 2019, a contribuição destas para o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) da EDP foi de apenas 2%, percentagem que deverá ser reduzida a zero, antes de 2030.
A EDP informou hoje que a perda de competitividade das centrais elétricas a carvão terá um custo extraordinário de 300 milhões de euros e um impacto negativo nos resultados de 2019 de 200 milhões de euros.
Segundo a elétrica liderada por António Mexia, o custo extraordinário com as centrais a carvão é resultado da aceleração do processo de transição energética ao longo de 2019, que conduziu à deterioração das perspetivas de rentabilidade das centrais.
"A competitividade destes ativos é penalizada pelo aumento do preço das licenças de emissões de CO2, a redução dos preços do gás, assim como a perspetiva de aceleração do crescimento da capacidade instalada de energias renováveis", lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A EDP é dona de três centrais a carvão, a de Sines, em Portugal, e duas em Espanha.
No discurso de tomada de posse em outubro, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o seu novo Governo está preparado para encerrar a central de Sines - da EDP - em setembro de 2023.
No programa eleitoral do PS, o calendário previsto para o encerramento da central a carvão de Sines era "entre 2025 e 2030".
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