Os resultados do estudo 'Qual é o contributo da dinâmica das empresas e da mobilidade laboral para a variação dos salários reais?', que faz parte da publicação 'Crescimento Económico Português: Uma Visão Sobre Questões Estruturais, Bloqueios e Reformas', do BdP, indicam que a restruturação do emprego e a mobilidade laboral tem um "papel importante na variação real dos salários".
Em relação à mobilidade laboral, os resultados indicam que os trabalhadores recém-contratados têm em média salários mais baixos do que os trabalhadores que permaneceram na empresa, tendo isto um efeito negativo na variação salarial agregada.
Ou seja, em termos gerais, a entrada e saída de trabalhadores tem um impacto negativo no crescimento real dos salários.
"O uso generalizado de contratos com termo certo pode levar a que os salários de entrada sejam sistematicamente inferiores aos salários dos trabalhadores que permaneceram na mesma empresa, acentuando o contributo negativo da mobilidade laboral para o crescimento dos salários reais", refere o documento.
Para a elaboração deste ensaio, foram analisados os fluxos de emprego no mercado de trabalho português entre 2005 e 2017 (base de dados do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social), que demonstraram desde logo, diz o BdP, que a "criação e a destruição de emprego são notórias no período em análise" e que as duas situações "parecem estar relacionadas, ou seja, períodos de maior criação de emprego são também períodos de maior destruição de emprego".
Adicionalmente, concluiu-se que o salário real médio nas novas empresas é inferior ao das empresas já estabelecidas, demonstrando que, numa base anual, o principal fator de variação salarial em Portugal é a variação salarial dentro ('within') empresas estabelecidas no mercado.
Os dados sugerem também que, entre 2005 e 2008, as empresas que pagavam salários mais elevados aumentaram as suas quotas de emprego, enquanto que, entre 2013 e 2016, as quotas de emprego daquelas empresas diminuiu.