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2019 na banca: De Berardo no inquérito à CGD à nova injeção no Novo Banco

Uma nova comissão de inquérito à CGD em que Berardo foi protagonista, nova injeção pública no Novo Banco e a saída de Tomás Correia do Montepio marcam 2019 na banca, ano em que o setor tentou normalizar a atividade.

2019 na banca: De Berardo no inquérito à CGD à nova injeção no Novo Banco
Notícias ao Minuto

09:30 - 12/12/19 por Lusa

Economia Banca

A idoneidade de Tomás Correia para continuar à frente da Associação Mutualista Montepio Geral, dona do banco Montepio, foi um tema que se arrastou ao longo deste ano, incluindo com uma clarificação da lei sobre o papel do regulador dos seguros, e que terminou com o pedido de escusa do próprio gestor, que toma forma no próximo domingo (15 de dezembro).

A saída significa uma nova fase para o grupo mutualista de 600 mil associados, 11 anos após Tomás Correia ter tomado posse, que está em processo de definição do que será o seu futuro.

Há dúvidas sobre a estratégia do banco Montepio e da própria associação mutualista, nomeadamente para sanear as suas finanças, sendo falada a possibilidade de o Estado ter de intervir para estabilizar o grupo.

Outro grupo que esteve na 'berlinda' este ano foi a Caixa Geral de Depósitos (CGD), que motivou mais uma comissão parlamentar de inquérito (a terceira ao banco público desde 2016), após um relatório da auditora EY ter revelado a concessão de créditos ruinosos para o banco público.

No fim dos trabalhos que analisaram a gestão do banco público entre 2000 e 2015 -- incluindo 36 audições, depoimentos escritos e milhares de documentos --, o relatório final foi sobretudo crítico para com a administração de Santos Ferreira, a falta de atenção de sucessivas tutelas, a responsabilidade política do Governo de José Sócrates no "período mais crítico de 2005-2008" e as falhas na supervisão do Banco de Portugal.

O documento final concluiu ainda que, entre os depoentes, houve um grupo de poder que se encobriu, usando estratégias de concertação de narrativas e falta de memória.

O grande protagonista da comissão foi o empresário Joe Berardo, grande devedor da CGD, pela forma como se comportou na audição perante os deputados, incluindo com risos considerados inadequados.

Na audição que decorreu em maio, a várias perguntas dos parlamentares, o empresário disse ainda que deveriam era ser feitas aos bancos em causa: "Pergunte à Caixa, eles é que me emprestaram o dinheiro". Já confrontado com a ideia de que a Caixa "está a custar uma pipa de massa", respondeu: "A mim, não!".

Uns dias depois, Berardo admitiu que se excedeu, mas disse que não tinha a intenção de "ofender".

Após este episódio, foi aberto um processo disciplinar na Presidência da República que pode anular a sua condecoração com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

O ano de 2019 significou ainda mais um ano de acumulação de prejuízos no Novo Banco (que desde que foi criado, em agosto de 2014, até setembro deste ano já somam 6.500 milhões de euros), o que tem impacto no dinheiro que o Estado tem de injetar na instituição, apesar de 75% do banco já pertencer ao fundo norte-americano Lone Star.

No âmbito do acordo que o Estado fez com a Lone Star para cobrir falhas de capital vindas dos ativos tóxicos com que o Novo Banco ficou do BES, este ano o Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado) injetou 850 milhões de euros referentes a 2018, que se somaram aos 792 milhões de euros de 2017.

Já perante os prejuízos deste ano, tem sido falado que o Novo Banco pode pedir mais de 700 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

Recentemente, o Expresso noticiou que o Governo está a avaliar a possibilidade de o Fundo de Resolução injetar dinheiro no banco de uma só vez, uma solução que o Novo Banco vê com bons olhos e terá a vantagem de reduzir o mediatismo do caso a cada injeção, apesar do maior impacto nas contas públicas no imediato.

O Novo Banco foi criado aquando do colapso do BES, em 2014, um 'terramoto' que continua a fazer-se sentir, desde logo nos clientes lesados que perderam milhões de euros em investimentos e que continuam sem os recuperar.

Esta semana foi dado mais um passo numa solução que compense os lesados das sucursais exteriores do grupo BES, assim como os lesados do Banif, após a conclusão do trabalho dos peritos da Ordem dos Advogados. Falta agora passar à constituição dos fundos de recuperação de créditos que os compensem (ainda que parcialmente), nos quais deverá haver nova injeção de dinheiro público.

Apesar das polémicas, já na atividade regular do setor bancário 2019 foi um ano em que os bancos continuaram a tentar normalizar a sua atividade.

Houve a estabilização dos resultados positivos dos principais bancos (com exceção do Novo Banco) e vendas de significativas carteiras de crédito malparado, com o objetivo de reduzir o risco dos balanços.

Em setembro, o Banco Central Europeu (BCE) cortou novamente as taxas diretoras, indicando que afinal se vai prolongar o ambiente de baixas taxas de juro, com impacto nas receitas da margem financeira, que o aumento das comissões não consegue compensar.

A política monetária motivou preocupações públicas dos principais banqueiros por pôr em causa os planos estratégicos definidos.

Vários analistas têm considerado que face aos desafios do setor -- ambiente de baixos juros, entrada de novos operadores (como as 'big tech' -- grandes empresas tecnológicas como Amazon, Facebook, Google ou Apple que também prestam serviços financeiros) e novas exigências por parte da regulação -- é provável que haja uma nova fase de consolidação no setor bancário em Portugal, com o objetivo de aumentar a rentabilidade e a eficiência.

Ainda este ano, apesar de agora ser um processo mais discreto, continuaram a sair centenas de trabalhadores do setor bancário.

Enquanto saem funcionários mais velhos são contratados jovens com competências em áreas necessárias à transformação digital (matemática, informática e engenharia), sendo contudo negativo o efeito líquido no emprego.

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