Crise política em Timor-Leste custou à economia 316,6 milhões de euros
A situação política em Timor-Leste entre 2017 e 2018 custou à economia 350 milhões de dólares (316,6 milhões de euros), segundo o Banco Mundial, que prevê um crescimento de 4,6% em 2020, muito abaixo das previsões do Governo.
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Economia Banco Mundial
O Relatório Económico de Timor-Leste, divulgado hoje, contrasta com a versão mais otimista do Governo, que antecipa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero de 7,2% no próximo.
A instituição mantém igualmente uma estimativa mais reduzida para o crescimento em 2019, de apenas 4,1%, menos um ponto percentual que a estimativa do Governo.
A previsão é de que a atividade económica se continue a acelerar, "mas permanecendo significativamente abaixo" do alvo de 07% do Governo para o próximo ano, refere o relatório, com o PIB a regressar no próximo ano aos níveis de crescimento de 2016 e ainda longe dos níveis de 11,1% de 2008.
Em termos de PIB per capita -- usado para medir padrões de vida -, o Banco Mundial nota que "tendo em conta a atual taxa de crescimento populacional" o crescimento nos próximos dois anos será de apenas 2,5%.
O PIB per capita, nota o relatório, "aumentou a uma média de menos de 2% entre 2012 e 2016, com os níveis estimados em 2018 a serem idênticos aos de 2011".
"Investimento público continuará a ser o principal motor do crescimento económico, com o consumo privado a ter um papel importante, ainda que impulsionado por gastos públicos recorrentes sob a formar de salários ou outros benefícios pessoais", refere o texto.
O relatório nota que os gastos públicos no primeiro semestre de 2019 foram 16% mais altos do que no mesmo período de 2018, o que "contribuiu para aumentar a confiança do consumidor, enquanto se espera que o investimento privado também beneficie de mais políticas e estabilidade económica".
Apesar da recuperação depois da contração de 2017 e 2018, o Banco Mundial nota que as perspetivas de crescimento a médio prazo "permanecem prejudicadas por um setor privado fraco".
Pedro Martins, economista do Banco Mundial e um dos autores do relatório, defende por isso que são "necessárias reformas importantes para abrir o potencial do setor privado e alcançar às metas políticas do governo - que incluem uma taxa média de crescimento económico acima de 7% e a criação de pelo menos 60.000 novos empregos por ano".
Em termos macroeconómicos, o relatório refere-se a uma situação estável, com inflação baixa e menor pressão em termos de câmbios, notando um aumento de 13% no crédito ao setor privado, "devido à maior demanda das famílias".
Apesar disso, o Banco Mundial prevê que os saldos da conta corrente e financeira "se deteriorem, devido ao aumento dos gastos públicos que estimularão as importações de bens e serviços.
O foco do relatório vai de encontro à nova estratégia do Banco Mundial para Timor-Leste, focada no "fortalecimento das bases para o crescimento liderado pelo setor privado, melhorias do capital humano e da infraestrutura conectiva", como notou Macmillan Anyanwu, responsável da instituição em Timor-Leste.
A análise recomenda medidas para "melhorar a competitividade e o desempenho das empresas locais", o que considera "ingrediente essencial para acelerar o crescimento e elevar os padrões de vida".
A falta de acesso ao financiamento, as complexas regulamentações comerciais e de importação e a baixa qualificação da força de trabalho são alguns dos fatores que levam ao pior desempenho das empresas.
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