Setor privado do Líbano inicia hoje greve de 72 horas após protestos
O setor privado do Líbano inicia hoje uma greve nacional de 72 horas, após 43 dias consecutivos de protestos contra a corrupção e a falta de soluções para a grave crise económica que assola o país.
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Economia Líbano
Num comunicado divulgado na segunda-feira, a entidade Órgãos Económicos do Líbano convocou uma greve nacional para os dias 28, 29 e 30 de novembro, que visa pressionar a classe dirigente a cumprir as exigências dos populares.
Ao mesmo tempo, pede a formação de um novo executivo, após a renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri em 29 de outubro, pois "a escalada [da contestação popular] não irá descansar até à formação do governo desejado".
As empresas privadas do Líbano temem pelo futuro de milhares de trabalhadores devido ao impacto negativo na economia, provocado pela onda de manifestações e pela falta de solução política.
O país mediterrânico regista um colapso económico agravado pela corrupção do Governo e tornou-se num dos países mais endividados do mundo, com um peso da dívida que representa mais de 150% do produto interno bruto (PIB).
A crise económica foi agravada com o encerramento dos bancos durante três semanas desde o início dos protestos, até à imposição de um limite para a retirada de dólares das contas correntes.
Desencadeadas em 17 de outubro, as manifestações têm sido na sua maioria pacíficas, mas com o arrastar do impasse político os ânimos exaltaram-se.
O Presidente libanês, Michel Aoun, ainda não consultou os partidos para se escolher um novo primeiro-ministro.
Saad Hariri, que apresentou a resignação em resposta às manifestações contra a corrupção, incompetência e a má gestão da elite no poder, anunciou na terça-feira que não se recandidatará à chefia do governo.
Os protestos são parte de um movimento espontâneo que cresceu nas ruas e tem afetado vários setores sociais, provocando o encerramento de estradas, bancos e escolas.
O detonador dos protestos, dos maiores em anos, foi a decisão do governo de impor novos impostos no quadro do seu programa de austeridade, taxando por exemplo as chamadas e mensagens através da rede Whatsapp.
Ainda em 17 de outubro, o ministro das Telecomunicações, Mahmud Choucair, anulou essa decisão, mas a contestação tem continuado, com os manifestantes a recorrerem ao corte de estradas e outras táticas num esforço para pressionar os políticos a darem resposta à sua exigência de um novo governo.
Após 30 anos do fim da guerra civil no país, necessidades básicas como água, eletricidade e acesso universal aos cuidados são escassas e a classe política quase inalterada desde então é considerada corrupta e incompetente.
O frágil equilíbrio de poder no Líbano decorre dos acordos saídos da guerra civil, em que o primeiro-ministro deverá ser um muçulmano sunita, o presidente do parlamento um xiita e o Presidente da República um cristão-maronita.
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