Críticas ao regulador das comunicações dominam debate dos operadores
Os presidentes da Altice, Vodafone e Nos apontaram hoje várias críticas ao regulador, durante o debate do Estado da Nação das Comunicações, acusando-o de "denegrir o setor" e de não apresentar soluções para a implementação do 5G.
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Economia Comunicações
No debate do último dia do 29.º congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), em Lisboa, foi mais o que uniu os presidentes executivos da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, da Vodafone Portugal, Mário Vaz, e da NOS, Miguel Almeida, do que o que os separou, com os três a apontarem duras críticas à Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).
"Temos um regulador que ocupa o seu tempo a denegrir o setor, que não tem uma visão estratégica e que não foi capaz até hoje de apresentar uma solução em temas-chave. A única coisa que fez até agora foi comprar guerras com toda a gente do seu ecossistema", defendeu Alexandre Fonseca.
O responsável da Altice lamentou ainda o facto de o setor das comunicações em Portugal ter passado de uma posição de liderança na Europa para ocupar "o quinto ou sexto lugar", atribuindo também as culpas à Anacom, por "arranjar artefactos para puxar este setor para baixo".
Por sua vez, Miguel Almeida afirmou estar receoso em relação à implementação da quinta geração móvel -- 5G - devido à "atribuição absurda de espetro" pela Anacom à Dense Air.
"A forma como nós pensámos as redes móveis no passado não se aplica ao 5G", acrescentou o responsável da NOS, defendendo, porém, que considera mais importante garantir que o 5G "não sai coxo" e não tanto "a discussão à volta do 'timing'".
Ainda em relação ao 5G, Mário Vaz, da Vodafone, considerou o caso da Dense Air "paradigmático", porque demonstra que a atribuição de direitos de utilização de frequência (DUF) "afinal não é para cumprir (...) porque alguém nunca o cumpriu".
Para o presidente da Altice é premente garantir "condições de igualdade e transparência no acesso ao espectro" e também que haja "espectro necessário para se poder desenvolver um 5G a sério".
Os operadores salientaram também que a quebra das receitas no setor das comunicações não levou a uma redução no investimento, que ronda os mil milhões de euros anuais.
O secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, afirmou, por sua vez, que "há atraso nos procedimentos" do 5G, "mas não há ainda um atraso substantivo".
"Ainda pensei tentar que viesse o meu holograma em vez de mim para mandarem farpas", começou por dizer o governante, rematando que "não foi porque não há espectro", arrancando risos na audiência.
"O 5G, para não ignorar o elefante na sala, precisa de estar operacional, disponível de uma forma estruturada e articulada para que todo o potencial destas novas tecnologias seja disponibilizado às nossas empresas, às nossas pessoas", afirmou, por sua vez, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, encerrando o congresso.
MPE/ALU // SR
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