FMI adverte que condições de liquidez do dólar são risco para bancos
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu hoje que "as condições de liquidez do dólar permanecem uma fonte de vulnerabilidade para bancos não americanos", numa análise presente num capítulo analítico das Previsões Económicas Mundiais ('World Economic Outlook').
© iStock
Economia FMI
Num capítulo intitulado "O financiamento dos bancos em dólares", o FMI alerta para que as condições de liquidez em dólares nos bancos fora dos Estados Unidos permanecem vulneráveis, "tanto em termos de 'stress' financeiro das economias que sediam essas instituições, como em potenciais alastramentos para aquelas que são recetoras de empréstimos transfronteiriços em dólares".
O FMI reconhece que a intermediação financeira em dólares por parte de bancos não americanos tem benefícios, como a "alocação eficiente de liquidez numa escala global".
"No entanto, a participação de bancos não americanos neste processo é também uma potencial fonte de risco nos mercados financeiros mundiais, porque os seus depósitos estáveis em dólares fora dos Estados Unidos são insuficientes para financiar todo o seu crédito mundial", adverte a instituição sediada em Washington.
Os efeitos desta prática "podem ser uma vulnerabilidade financeira e poderiam amplificar os efeitos dos choques do custo de financiamento dos bancos americanos no 'stress' financeiro e na oferta global de crédito".
A instituição liderada por Kristalina Georgieva assinala que, desde a crise financeira da década passada, a atividade financeira realizada em dólares fora dos Estados Unidos "permaneceu substancial", e que a diferença entre ativo e passivo na moeda americana "se expandiu, ainda que não uniformemente e com algum declínio nos últimos anos".
"Um aumento anual cumulativo de 50 pontos base nos custos de financiamento em dólares está associado à redução nos empréstimos transfronteiriços em 5,3%", alerta o FMI, que detalha também que os efeitos negativos destes aumentos são maiores quando os credores são provenientes de mercados emergentes.
Como fatores que possam mitigar os efeitos adversos dos riscos do dólar, o Fundo menciona "as condições do setor bancário doméstico" ou ainda políticas como "a existência de linhas de 'swap' ou reservas internacionais dos bancos centrais".
O FMI refere ainda que "ter 'almofadas' de capital saudáveis e liquidez geral nos sistemas bancários domésticos pode mitigar os efeitos desestabilizadores de maior exposição a financiamento em dólares".
"Os reguladores devem monitorizar a fragilidade dos bancos locais no financiamento em dólares e desenvolver ou melhorar os modelos de risco de liquidez adaptados às moedas locais", recomenda ainda a organização.
Estas recomendações incluem "testes de 'stress' [resistência], estratégias de financiamento de emergência, e planeamento de resoluções".
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