"Num quadro marcado por arrefecimento económico, tensões comerciais e geopolíticas, incerteza e perda de confiança [...] há um grande risco de fragmentação, de perda de intensidade de laços de cooperação e nada melhor do que aqueles que têm um laço muito forte, que são a história e a partilha de uma língua, reforçarem essa cooperação", disse.

"Uma cooperação para encontrar soluções coerentes de política económica e para refletir sobre o adequado enquadramento institucional, focada no apoio à economia mundial e às economias nacionais, protegendo-as também dos principais riscos", acrescentou.

O Governador do Banco de Portugal falava durante a abertura do dos trabalhos do 29.º Encontro de Lisboa, evento que reúne anualmente os Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa e que este ano decorre na capital portuguesa, depois de a edição de 2018 ter acontecido em Díli, Timor-Leste.

No encontro, participam representantes dos bancos centrais e autoridades financeiras de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Macau, além de elementos de outras organizações financeiras.

Para Carlos Costa, a recente crise financeira tornou a cooperação entre os bancos centrais um tema "ainda mais fundamental e premente" tendo, segundo o Governador, demonstrado "a relevância e a urgência de uma reflexão sobre os fatores em que assenta a estabilidade monetária e financeira global".

"A cooperação ganhou escala e a crise permitiu o reforço do papel catalisador e salientou a boa virtude das soluções conjuntas", reforçou.

O encontro, que este ano aborda as implicações da inovação tecnológica na atividade financeira, será, como habitualmente, uma oportunidade para discutir os temas das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, que serão dominadas pelas perspetivas económicas e financeiras globais, o ponto de situação quanto à agenda de política, às facilidades e aos recursos do FMI.

"A estabilidade monetária e financeira são um bem público. Os benefícios e contributos da cooperação para essa causa global não devem ser subestimados. Já não há problemas estritamente domésticos e a cooperação é essencial para ultrapassar as dificuldades da nossa casa comum", apontou.

Carlos Costa destacou, no contexto do tema do encontro, que a "é real a preocupação dos bancos centrais em matéria de inovação tecnológica", sublinhando os desafios e oportunidades ao nível dos sistemas de pagamentos, da estabilidade financeira e da supervisão, do combate ao branqueamento de capitais e da proteção do cliente de serviços financeiros".

Carlos Costa destacou, por outro lado, a consolidação da cooperação do Banco de Portugal, nomeadamente com os países de língua portuguesa.

Segundo dados avançados pelo Governador, o Banco de Portugal participa anualmente em mais de 130 ações de cooperação -- em 2019 serão perto de 160 - envolvendo cerca de 300 dos seus colaboradores e mais de 400 colaboradores de outros bancos centrais.

"Ainda que a cooperação com os países de língua portuguesa constitua a parte mais significativa, os contactos com parceiros do resto do mundo têm vindo a alargar-se e a reforçar-se, chegando a cerca de 40, distribuídos pelos vários continentes", disse.

"Esta evolução em nada diminui a importância estratégia do quadro lusófono, antes lhe acrescenta perspetiva e profundidade", acrescentou.

O Banco de Portugal tem 12 acordos de cooperação técnica com os bancos centrais dos Estados da África Ocidental, Timor-Leste, do Brasil, Marrocos, Chile e a Autoridade Monetária e Cambial de Macau.

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