"Na primeira metade do ano, as receitas da Dia foram afetadas por uma série de fatores negativos e extraordinários. Como resultado, registou-se uma perda líquida atribuível de 418 milhões de euros", explica a empresa em comunicado.
Estes são os primeiros resultados anunciados depois de o russo Mijaíl Fridman ter passado a controlar a empresa em maio passado e, segundo fontes da empresa, refletem a mudança de estratégia que a nova administração tem imprimido.
Entre os fatores que levaram a estes resultados, a empresa sublinha, entre outros, o despedimento coletivo em Espanha e outras medidas na estrutura do Brasil para melhorar a produtividade, o encerramento de 663 lojas deficitárias com uma contribuição negativa permanente e a interrupção de atividades não estratégicas para reduzir a complexidade e melhorar a eficiência.
"A nova administração do Dia está plenamente consciente da exigente situação. A equipa tem os conhecimentos e a experiência para colocar o negócio de novo em andamento e continuar a tomar as medidas necessárias para colocar a Dia numa posição de força para alcançar o êxito a longo prazo. Todos os dias haverá melhorias e mudanças, o que levará ainda algum tempo", assinala Karl-Heinz Holland, presidente executivo (CEO) do grupo.
De acordo com a informação enviada à Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV), o regulador de mercados espanhol, o grupo Dia registou vendas líquidas de 3.400 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, uma descida de 7% em relação ao mesmo período de 2018.
A empresa destaca que conta agora com um 'cash-flow' (dinheiro em caixa) "estável e um sólido" fundo de manobra que, juntamente com uma clara estrutura de capital, liquidez e uma reputada equipa de gestão, "está capacitado para reforçar o seu balanço financeiro".
O Grupo Dia já tinha anunciado no início de setembro que desistiu de vender a Clarel, empresa especializada em cuidados pessoais de beleza e cosmética com 1.300 lojas em Portugal e Espanha, que tinha sido posta à venda no início do ano.
A possível venda da Clarel, com 71 lojas em Portugal, fazia parte do plano estratégico dos anteriores responsáveis pela gestão do grupo, mas a nova direção nomeada por Mikhail Fridman, que agora detém 70% do grupo, acredita no potencial da empresa.
A empresa anunciou ainda que a Clarel terá uma estrutura "que funcionará independentemente da empresa-mãe [Dia]" e que para gerir esta nova unidade de negócio foi nomeado um novo presidente executivo (CEO), Paul Berg, com mais de 25 anos de experiência em cadeias alimentares e de consumo e "um perfil muito internacional e versátil".
Em Portugal, o Grupo Dia tinha no final do ano passado 223 estabelecimentos próprios e 309 franchisados com as marcas Minipreço, Mais Perto e Clarel.