"O Novo Banco informa que, após conclusão de um processo de venda competitivo, o Novo Banco e o Arrábida - Fundo Especial de Invstimento Imobiliário Fechado celebraram um Contrato de Compra e Venda de uma carteira de créditos não produtivos ('non-performing loans') e ativos relacionados (no seu conjunto, Projeto Nata II) com um valor original ('outstanding balance') aproximado total de 2.732 milhões de euros e um valor bruto contabilístico de 1.713 milhões de euros com a Burlington Loan Management, uma sociedade afiliada e aconselhada pela Davidson Kempner European Partners", refere a comunicação ao mercado.
A informação indica ainda que a venda ao fundo de investimento foi acordada por 191 milhões de euros e que a carteira de ativos está "sujeita a ajustamentos de perímetro usuais nestas transações até à sua concretização".
O Novo Banco estima um impacto negativo de 106 milhões de euros na demostração de resultados decorrente desta operação.
Segundo fonte do Novo Banco, a operação é feita com um desconto de 89% sobre o valor bruto contabilístico, mas já sobre o valor líquido (que tem em conta as imparidades já constituídas) o desconto é de 35%.
A mesma fonte indicou ainda que apesar do impacto negativo da operação na conta de exploração do banco, esta venda traz um "efeito positivo no capital" e no cumprimento das exigências dos reguladores de redução do malparado.
Com esta operação, o rácio de malparado do banco passa para 15% (face aos 20,7% de final do primeiro semestre).
A mesma fonte do Novo Banco indicou ainda que alguns dos créditos que estavam incluídos inicialmente no projeto de alienação de ativos Nata II a ser alienada foram vendidos individualmente, em vez de em carteira, "o que aconteceu com cerca de uma dezena de casos".
A transação deverá ser concluída "nos próximos meses, assim que reunidas todas as condições necessárias à sua formalização", refere a entidade liderada por António Ramalho à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) , que considera que com esta operação é dado "mais um importante passo no processo de desinvestimento de ativos não produtivos".
Em 2014, na resolução do BES, o Novo Banco nasceu como o 'banco bom', mas tem apresentado prejuízos, justificando a administração com o legado com que ficou do BES.
Para reduzir os ativos 'tóxicos', o banco detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star tem feito vendas de créditos e imóveis.
A venda anunciada esta quinta-feira pode vir a pesar no valor que o Novo Banco pedirá ao Fundo de Resolução para se recapitalizar.
É que na venda ao fundo Lone Star, em 2017, foi acordado um mecanismo pelo qual o Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado) compensa perdas do Novo Banco, sob determinadas circunstâncias, até ao valor de 3,89 mil milhões de euros até 2026.
Até agora, o banco já recebeu 1.941 milhões de euros (referentes a 2017 e 2018) e o valor vai aumentar.
Em 2 de agosto, quando apresentou prejuízos semestrais de 400,1 milhões de euros, o Novo Banco estimou que prevê pedir mais 541 milhões de euros referente ao primeiro semestre.
Contudo, o valor a pedir ao Fundo de Resolução apenas vai ser contabilizado em 2020, quando estiverem fechadas as contas de 2019, pelo que ainda variará consoante o que aconteça no semestre que está a decorrer (perdas e custos com ativos e exigências de capital).