Pilotos europeus criticam instabilidade laboral na Ryanair
A Associação Europeia de Cockpit (ECA), que representa 40 mil pilotos europeus, criticou hoje a instabilidade laboral na companhia aérea Ryanair, situação que se repete pelo segundo verão consecutivo e "pelos mesmos motivos", segundo a estrutura.
© Reuters
Economia Ryanair
"Este será o segundo verão consecutivo de agitação social na Ryanair e as causas parecem semelhantes e familiares às do ano passado: a incapacidade da Ryanair em realizar um verdadeiro diálogo social com os seus funcionários", lamenta a ECA (sigla em inglês) em comunicado hoje divulgado.
Citado na nota, o secretário-geral da ECA, Philip von Schöppenthau, aponta que "um ano foi suficiente para a Ryanair adquirir e desenvolver duas novas companhias aéreas - a Malta Air e a Ryanair Sun na Polónia - e comprar uma terceira -- a Laudamotion na Áustria -", mas, nesse tempo, a transportadora "não conseguiu negociar os tão esperados acordos coletivos de trabalho com a sua tripulação em vários países importantes".
Portugal, Itália e Bélgica foram os únicos países da União Europeia (UE) onde, até agora, foram assinados acordos coletivos de trabalho para os pilotos da Ryanair, deixando vários Estados-membros e muitos profissionais de fora.
"A melhoria das relações com os funcionários parece, claramente, ter passado a ser uma prioridade menor" para a companhia, critica Philip von Schöppenthau.
Além desta instabilidade, a ECA denuncia a atual "abordagem favorita" da Ryanair, a "do confronto", que assenta em avisos sobre despedimentos e fecho de bases aéreas em vários países da UE, entre os quais Portugal.
Em Portugal, a Ryanair comunicou na terça-feira, em Faro, que iria encerrar a base naquele aeroporto em janeiro de 2020, despedindo também cerca de 100 trabalhadores, embora mantenha os voos, revelou à agência Lusa a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo.
A mesma dirigente do SNPVAC avançou, na terça-feira, que uma diretora de recursos humanos da Ryanair esteve naquele dia em Faro para anunciar o encerramento.
Antes, no dia 01 de agosto, a Ryanair admitiu que poderá despedir até 500 pilotos e 400 tripulantes de cabine na UE, devido ao impacto do 'Brexit', ao aumento do preço dos combustíveis e ao atraso na entrega dos aviões Boeing 737 Max.
"Há mais de um ano, a Ryanair comprometeu-se a implementar a legislação laboral local, a negociar acordos coletivos de trabalho significativos para toda a sua tripulação e anunciou que daria a possibilidade de os trabalhadores externos serem contratados diretamente", mas "este compromisso ainda não foi cumprido", lamenta ainda a ECA.
Criada em 1991, a ECA está sediada em Bruxelas, representando mais de 40 mil pilotos europeus de 33 países, sendo o órgão representativo destes profissionais ao nível da UE.
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