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Web Summit. Governo ajudou à permanência por uma década

A estadia da conferência tecnológica Web Summit em Lisboa começou por ser temporária, por três anos, mas na hora do 'check-out' o Governo ajudou à permanência do evento, que recebe e gera milhões de euros, apesar das polémicas.

Web Summit. Governo ajudou à permanência por uma década
Notícias ao Minuto

08:15 - 18/07/19 por Lusa

Economia Web Summit

Se há quatro anos Lisboa já fazia parte dos roteiros turísticos e dos planos de muitos viajantes, o mesmo não acontecia no setor do empreendedorismo, no qual a capital portuguesa ainda passava despercebida para algumas 'startup' (empresas com potencial de crescimento rápido) e investidores estrangeiros.

Foi para contrariar esta tendência e para colocar Lisboa no mapa da tecnologia que, em 2016, se instalou na zona do Parque das Nações, em Lisboa, uma das maiores cimeiras de inovação do mundo, a Web Summit, criada seis anos antes na capital irlandesa, Dublin, por Paddy Cosgrave, David Kelly e Daire Hickey.

Paddy Cosgrave justificou, na altura, que a mudança se devia ao facto de Lisboa ser "uma cidade cosmopolita" e com "melhores condições de infraestruturas e um maior número de hotéis" do que Dublin.

Na primeira edição, a conferência trouxe a Lisboa 53 mil participantes de 166 países, 15 mil empresas, 7.000 presidentes executivos, 700 investidores de topo e 2.000 jornalistas internacionais.

Notório foi logo, na edição de estreia, o apoio do Governo, que passou a ser presença habitual no evento.

E de polémicas foi também feita a primeira edição e as seguintes.

Em 2017, registaram-se congestionamentos nos acessos rodoviários e via transportes públicos ao evento, bem como problemas na entrada nos pavilhões, obrigando milhares participantes a assistir à sessão de abertura através de ecrã gigantes.

Também logo na sessão de abertura, falhou a ligação 'wi-fi' do fundador da iniciativa em pleno palco, isto enquanto Paddy Cosgrave tentava explicar a uma audiência de 15 mil pessoas como funcionava o 'live streaming' (reprodução em tempo real) através da rede social Facebook.

No ano seguinte, em 2017, os números subiram para um total de 60 mil participantes de 170 países, 1.200 oradores, duas mil 'startup', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

Nessa edição, a controvérsia maior surgiu no final do evento, devido à utilização do espaço do Panteão Nacional para a realização de um jantar exclusivo de convidados da Web Summit.

Esta situação motivou várias críticas e levou a organização a pedir desculpas "por qualquer ofensa causada" e a garantir que a ocasião, "conduzida com respeito", cumpriu as regras do local.

Acresce que, ainda antes dessa edição da Web Summit, se tinham registado mudanças no governo, com o então secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, com a 'tutela' da cimeira, a demitir-se do cargo após ter sido constituído arguido num caso sobre fraude.

Foi, na altura, sucedido por Ana Teresa Lehmann, que herdou a pasta das 'startup' e da Web Summit.

Já em 2018, a cimeira contou com mais de 70 mil participantes de mais de 170 países, cerca de 2.600 jornalistas de todo o mundo e com a presença de duas mil 'startup' de todo o mundo.

No ano passado, as polémicas começaram ainda antes do evento, com um controverso convite feito à líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, para ser oradora, que foi depois retirado.

Esta situação levou Paddy Cosgrave a anunciar a retirada do convite, considerando ser a "decisão correta" a tomar, e motivou ainda um esclarecimento do Governo indicando que não tinha intervenção na seleção de oradores da cimeira.

Ainda em 2018, e já no decorrer da cimeira, o Sindicato dos Jornalistas denunciou restrições impostas pela Web Summit à liberdade de movimentos, nomeadamente na captação de imagens.

Indiferentes às polémicas, a organização e o Governo português anunciaram, em outubro passado, que a Web Summit iria continuar a ser realizada em Lisboa por mais 10 anos, isto é, até 2028.

Em causa está um acordo com contrapartidas anuais de 11 milhões de euros (num total de 110 milhões de euros para 10 anos) e a expansão da Feira Internacional de Lisboa (FIL), um dos locais do evento, no Parque das Nações.

O acordo prevê ainda uma cláusula de rescisão de 3,4 mil milhões de euros (340 milhões de euros por cada ano de incumprimento).

Um estudo feito pelo Ministério da Economia e divulgado em novembro passado revela que o impacto da Web Summit no valor bruto da produção nacional terá atingido 160 milhões de euros em 2016 e 180 milhões de euros em 2017.

No que toca ao valor acrescentando, isto é, à atividade económica gerada à volta do evento, a tutela aponta para uma verba até 124,4 milhões de euros em 2018, após um total de 105,7 milhões em 2017 e de 93,7 milhões em 2016.

Este valor deverá subir para 226,6 milhões de euros em 2028, segundo o estudo.

Relativamente a receitas fiscais, o estudo aponta um total de 38,8 milhões de euros em 2016, 43,8 milhões em 2017 e 51,5 milhões em 2018.

Em 2028, estas receitas devem ascender aos 93,9 milhões de euros.

Todos os números dizem respeito ao cenário mais otimista apresentado no estudo da tutela.

Já a organização informou, em resposta escrita enviada à agência Lusa, que as 'startup' portuguesas que participaram na primeira edição da cimeira tecnológica Web Summit, em 2016, já arrecadaram quase 60 milhões de euros em financiamento após 41 rondas de investimento.

No âmbito do empreendedorismo, foram vários os programas lançados pelo Governo nos últimos quatro anos à 'boleia' da Web Summit, como o Startup Visa e o Tech Visa (ambos destinados à atração de quadros qualificados para residirem no país), com o executivo a reforçar ainda o apoio ao investimento na inovação tecnológica.

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