Economia mundial precisa de evitar "feridas autoinfligidas"
O diretor interino do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, afirmou hoje que é tempo de o mundo fazer os possíveis para escapar de uma desaceleração e evitar ferimentos autoinfligidos na sequência de tensões comerciais e tecnológicas.
© Reuters
Economia FMI
"É hora de o mundo evitar provocar uma desaceleração, o que significa lidar com as tensões comerciais e tecnológicas através do diálogo, para que não haja ferimentos autoinfligidos, mas também para estar preparado para responder em caso de um abrandamento da economia", afirmou hoje David Lipton, diretor interino do FMI, em entrevista à CNBC.
O responsável frisou que em caso de uma recessão à escala global - apesar de o FMI não o prever - os bancos centrais e os governos devem estar preparados para reagir com as políticas monetárias e orçamentais adequadas.
No último 'World Economic Outlook' divulgado em abril, o FMI antecipou que o crescimento global iria abrandar de 3,6% em 2018 para 3,3% em 2019, antes de recuperar para os 3,6% em 2020.
"Não temos uma recessão no nosso cenário base, mas à luz das tensões comerciais e tecnológicas, à luz dos mercados financeiros, as vulnerabilidades estão a aumentar", afirmou o diretor interino do FMI.
Numa altura em que as atenções estão voltadas para a reunião de política monetária da Reserva Federal norte-americana no final de julho, David Lipton afirmou que não comentaria qualquer futura decisão da instituição.
Na semana passada, o presidente da Fed, Jerome Powell, sinalizou que o banco central pode estar prestes a baixar as taxas de juro.
A instituição tem estado sob pressão do Presidente norte-americano, Donald Trump, para descer os juros, com o objetivo de estimular o crescimento económico, depois de ter começado um processo de normalização da sua política monetária após anos de 'quantitative easing' (injeção de dinheiro destinada a estimular a economia) na sequência da crise financeira de 2008.
Na entrevista à CNBC, David Lipton indicou também que seria apropriado continuar uma política monetária acomodatícia, através de baixas taxas de juro, e adotar medidas de acordo com os dados económicos que forem sendo divulgados.
"Temos dito já há algum tempo que à luz das circunstâncias globais e nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, a continuação de uma política monetária acomodatícia é apropriada", frisou o responsável do FMI que está a substituir provisoriamente Christine Lagarde, nomeada para a presidência do Banco Central Europeu (BCE).
David Lipton referiu ainda que "onde alguns argumentam que certos aumentos das taxas de juro são necessários para criar espaço para mais tarde, isso não faz sentido".
"Não queremos provocar a desaceleração que receamos que aconteça", frisou.
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