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Portugal fez progressos significativos mas permanecem vulnerabilidades

Teresa Ter-Minassian, que chefiou a missão do FMI em Portugal em 1983, afirmou à Lusa que, apesar dos progressos significativos nos últimos anos, as vulnerabilidades do país permanecem e exigem esforços adicionais nas reformas que continuam por fazer.

Portugal fez progressos significativos mas permanecem vulnerabilidades
Notícias ao Minuto

08:45 - 09/07/19 por Lusa

Economia Teresa Ter-Minassian

"Portugal fez progressos significativos nos últimos anos na gestão dos desequilíbrios macroeconómicos, orçamentais e financeiros", afirmou Teresa Ter-Minassian, a economista italiana que chefiou a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal em 1983, em entrevista por escrito à Lusa.

Teresa Ter-Minassian enumerou que Portugal "melhorou a sua posição externa, reduziu o défice orçamental em mais de 10 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) e a sua dívida pública em quase 20 pontos percentuais do PIB face aos respetivos picos, e começou a resolver as fraquezas do setor bancário".

A economista italiana, que foi o rosto do FMI em Portugal em 1983, frisou também que o PIB real 'per capita' está cerca de 10% acima do seu mínimo de 2013 e que a taxa de desemprego foi reduzida para menos de metade do pico registado naquele mesmo ano.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelaram que a taxa de desemprego situou-se em 6,6% em abril, 0,5 pontos percentuais abaixo do registado no mesmo mês de 2018 e muito longe dos 17% registados no auge da crise, em 2013.

Contudo, Teresa Ter-Minassian alertou, na entrevista à Lusa, que "as vulnerabilidades permanecem e exigem esforços adicionais de reformas, sobretudo num contexto internacional que pode não ser tão favorável nos próximos anos como foi nos últimos".

A economista alertou que, em particular, tanto a dívida pública como a dívida empresarial permanecem em "níveis significativamente mais altos do que as respetivas médias nas economias avançadas, o que torna Portugal vulnerável a mudanças de sentimento nos mercados financeiros".

Além disso, frisou, "o sistema bancário precisa de um fortalecimento adicional para financiar um crescimento sustentado dos investimentos privados" e Teresa Ter-Minassian indicou ainda que existem "alguns sinais de uma bolha imobiliária que se começa a materializar" em Portugal.

Mas os recados da chefe da missão do FMI em Portugal em 1983 não ficam por aqui: "mais importante, Portugal precisa de aumentar a produtividade para apoiar uma aceleração sustentável do seu crescimento potencial, através de reformas estruturais em várias áreas", nomeadamente no mercado de trabalho, no setor dos serviços e da educação.

De acordo com Teresa Ter-Minassian, "impulsionar o potencial de crescimento da economia é essencial para assegurar uma convergência gradual mas sustentada das condições de vida dos portugueses rumo à média da União Europeia no longo prazo".

Questionada sobre o facto de Portugal ter voltado a registar, seis anos depois, um défice externo no ano que terminou no primeiro trimestre de 2019, a economista referiu que, ao nível atual, o défice da conta corrente "é pequeno e pode ser financiado através do investimento direto estrangeiro".

No entanto, Teresa Ter-Minassian frisou que "a evolução nos próximos anos deve ser monitorizada, para garantir que continua gerível no (provavelmente menos favorável) ambiente externo".

Além disso, a economista italiana salientou que também seria "menos preocupante se o défice fosse o reflexo de um desempenho mais robusto do investimento produtivo, em vez de [ser o reflexo de] um forte crescimento do consumo".

Teresa Ter-Minassian liderou a missão do FMI em Portugal em 1983, naquela que foi a segunda intervenção da instituição em Portugal, depois da primeira em 1977.

Naquela altura, com o desemprego acima dos 11% e uma dívida externa galopante devido à subida das taxas de juro internacionais, o FMI emprestou 750 milhões de dólares e impôs cortes nos salários da Função Pública, aumentos de preços, travão ao investimento público e cortes nos subsídios de Natal, entre outras medidas.

Em 2011, na mais recente e terceira vez que Portugal pediu assistência internacional, o FMI emprestou 26 mil milhões de euros (de um empréstimo global de 78 mil milhões de euros), empréstimo que Portugal saldou em dezembro de 2018.

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