Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 13º MÁX 24º

Apesar de surpreendidos, economistas antecipam sucesso de Lagarde no BCE

Os economistas ouvidos pela Lusa consideram que Christine Lagarde reúne as características necessárias para suceder a Mario Draghi e ser bem sucedida como presidente do Banco Central Europeu (BCE), apesar de alguma surpresa na escolha.

Apesar de surpreendidos, economistas antecipam sucesso de Lagarde no BCE
Notícias ao Minuto

16:09 - 03/07/19 por Lusa

Economia Christine Lagarde

"Tem indiscutivelmente experiência internacional na área económica e financeira muito relevante. Os anos que esteve à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o tempo que esteve antes no setor privado e no governo [de Nicolas Sarkozy] dão-lhe seguramente os conhecimentos técnicos e políticos necessários para a condução do exercício de presidente do BCE", afirmou à Lusa Joaquim Miranda Sarmento, economista e professor de Finanças do ISEG - Lisbon School of Economics & Management.

No entender do economista, a atual diretora-geral do FMI "vai ser uma boa presidente do BCE dentro da linha daquilo que Mario Draghi fez", tendo "seguramente as condições necessárias para o fazer".

Na terça-feira, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) chegaram a acordo sobre as nomeações para os cargos institucionais de topo, designando Lagarde para a presidência do BCE.

Para Pedro Lino, economista e administrador da Dif Broker e da Otimize, "Christine Lagarde é uma escolha nova, que não estava planeada, e é mais uma política".

Em declarações à Lusa, o economista antecipou que a antiga ministra francesa terá "um estilo provavelmente novo", partilhando que "seria bom que Christine Lagarde pudesse seguir um rumo diferente [do de Mario Draghi] quando a economia da zona euro o permitisse".

"Sou um pouco crítico do perfil e da política que Mario Draghi seguiu, que foi uma política de redução de taxas de juro, de taxas de juro negativas nos depósitos, e [Draghi] não aproveitou a recuperação da economia europeia para normalizar ligeiramente as taxas de juro e ter alguma folga", frisou Pedro Lino, criticando ainda que, "nos últimos anos, o BCE serviu de bombeiro de todos os decisores políticos que eram incapazes de tomar decisões".

No mesmo sentido, João Duque, economista e professor catedrático do ISEG, considerou que Lagarde "é uma pessoa muito experiente, que acumula a experiência de ter sido ministra e diretora-geral do FMI", apesar de admitir que preferiria alguém com formação económica e financeira de base que acumulasse depois essa experiência.

Lagarde tem uma licenciatura em Direito e uma pós-graduação em Ciência Política e começou a exercer advocacia em 1981, contratada pelo escritório internacional de advogados Baker & McKenzie, no qual trabalhou como especialista em questões laborais, de concorrência e fusões e aquisições.

João Duque antecipou que Lagarde terá muito peso no BCE sobretudo "ao nível da representação da instituição e no uso muito comedido da palavra".

"As palavras que se usam, a seriedade que se põe na transmissão da comunicação é fundamental, e eu acho que ela tem essas características que são muito pessoais", afirmou, acrescentando que a "forma de estar e de enfrentar o mercado e de transmitir a comunicação que se faz com seriedade, a firmeza e a independência", que considera que Lagarde tem, tornam-na "capaz de fazer um excelente papel".

Para Joaquim Miranda Sarmento, "não há insubstituíveis nem pessoas certas logo à cabeça", mas, no entender do economista, no espetro europeu, não sendo escolhido um governador de um dos bancos centrais nacionais da zona euro, "Christine Lagarde é indiscutivelmente uma das pessoas mais capacitadas para o cargo".

Questionados sobre se a nomeação da atual diretora-geral do FMI, conhecida na terça-feira, foi uma surpresa, uma vez que não figurava entre os nomes mais citados para suceder a Mario Draghi, os economistas ouvidos pela Lusa afirmaram que sim, frisando que também os mercados estão a dar sinais dessa surpresa.

"Acabou por ser um bocadinho uma surpresa porque exercendo funções no FMI a um alto nível acaba por ser uma mudança não esperada. O expectável seria que fosse um dos governadores dos bancos centrais nacionais a suceder a Mario Draghi. Lagarde nunca apareceu nas notícias como hipótese, mas não deixa de ser à partida uma boa escolha", disse Joaquim Miranda Sarmento.

"Para mim foi uma surpresa, porque esperava que a Alemanha quisesse que o seu 'delfim' Jens Weidmann fosse o novo presidente do BCE, que teria uma atitude mais conservadora, ou seja, normalizaria mais depressa a política monetária. Talvez por isso é que os mercados estão a reagir fortemente em alta porque foi uma decisão que não era esperada", considerou Pedro Lino.

Na mesma linha de pensamento, João Duque afirmou que é costume "ver o presidente do BCE com um perfil um pouco mais técnico", mas o economista considerou que Lagarde seria "sempre uma pessoa que se esperaria que pudesse ser candidata a vários lugares de grande prestígio, como por exemplo presidente da França".

Recomendados para si

;

Receba as melhores dicas de gestão de dinheiro, poupança e investimentos!

Tudo sobre os grandes negócios, finanças e economia.

Obrigado por ter ativado as notificações de Economia ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório