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Trabalhadores da cortiça em protesto a reivindicar melhores salários

Um grupo de cerca de 50 trabalhadores manifestou-se hoje à porta da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), reivindicando melhores salários num setor que "ganha milhões e não distribui os lucros" pelos operários.

Trabalhadores da cortiça em protesto a reivindicar melhores salários
Notícias ao Minuto

18:14 - 24/06/19 por Lusa

Economia protesto

Essa foi uma das perspetivas defendidas no protesto organizado pelo Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN) no âmbito da greve geral que até sexta-feira decorre em 16 unidades industriais de diferentes pontos do país, com especial incidência em empresas do Grupo Amorim, líder mundial do setor.

Alírio Martins é dirigente do SOCN e explica que essa "concentração simbólica" se deve ao facto de a APCOR não se ter mostrado disponível para garantir nas negociações do novo contrato coletivo de trabalho os 3% de aumento salarial exigido pelos operários.

"A entidade patronal só quer pagar mais 1,8% e, considerando que esse aumento só dá uns 14 euros por mês a 90% dos trabalhadores do setor, nós insistimos nos 3%, porque a cortiça tem dado a ganhar muitos milhões de euros e esses lucros não estão a chegar aos trabalhadores", afirma o sindicalista.

Considerando que os funcionários administrativos do setor vêm recebendo atualizações salariais "bem mais generosas", Alírio Martins realça: "Estamos a abrir fossos muito diferentes entre umas classes e outras de trabalhadores, e é preciso mais justiça social na distribuição dos lucros de um setor que continua a dar muito dinheiro".

O SOCN também reclama um acréscimo de 45 cêntimos no subsídio de almoço para que passe a ser de seis euros diários, quando a APCOR só se diz disponível para aumentar cinco cêntimos.

O sindicato quer ainda que o clausulado do novo contrato coletivo passe a citar o Código do Trabalho e "deixe por escrito que o assédio é ilegal", para se desmotivar situações como aquela da trabalhadora Cristina Tavares, que atualmente disputa em tribunal um caso motivado por um despedimento ilícito.

No caso específico da Amorim Revestimentos, que terça-feira acolhe uma greve e uma concentração de operários, Alírio Martins declara que essa e outras unidades do grupo líder do setor "pagam pior do que as pequenas e médias empresas" e enfrentam até "problemas laborais mais graves".

Manuel Silva é o porta-voz da comissão de trabalhadores da Amorim Revestimentos e alerta: "Linhas de produção que antes tinham cinco ou seis pessoas agora estão com duas ou três e há perseguição das chefias se elas quiserem ir à casa de banho ou parar para lanchar porque os poucos que lá ficam têm que tomar conta das secções todas".

Argumentando que "depressa e bem há pouco quem", o mesmo representante sindical diz que a qualidade de produção se tem ressentido e que a empresa está, por isso, a acumular "recordes de prejuízos" e a receber "devoluções de dezenas de milhares de metros quadrados de material".

Moisés Ferreira, deputado do BE, acompanhou o protesto e disse à Lusa que o partido estava "solidário" com as reivindicações dos operários porque "os lucros do setor não se têm refletido no salário dos trabalhadores" e, além disso, se está a assistir a "um retrocesso nas suas condições de trabalho".

O parlamentar explica o que classifica ser uma tentativa de "impor a selvajaria" dizendo que "tem havido muitos despedimentos coletivos no setor, como aconteceu na Pietec e na Piedade, e está-se a tentar impor a laboração contínua, o que prejudica seriamente a qualidade de vida dos trabalhadores".

A APCOR, por sua vez, diz que "não se revê na greve" desta semana e afirma-se "disponível para um acordo em linha com os aumentos salariais dos últimos anos", que tem sido na ordem dos 2%.

"A proposta de alteração do Contrato Coletivo de Trabalho que apresentámos aos sindicatos continua a valorizar as condições dos nossos trabalhadores e a distinguir positivamente o nosso setor em termos nacionais, seja pela política salarial seja pela valorização do subsídio de refeição que já ultrapassa os 5,5 euros", refere essa estrutura em comunicado.

A APCOR propõe-se, assim, manter a sua visão "focada no coletivo, que é fortemente dominado pelas micro e pequenas empresas, e não em casos isolados e particulares".

Quanto à situação da Amorim Revestimentos, a Lusa contactou a empresa e fonte oficial afirmou apenas: "Não vemos razão para esta greve. Será certamente um mero instrumento de pressão num momento em que se está a negociar o Contrato Coletivo de Trabalho".

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