"Três anos depois do referendo, todas as possibilidades estão em aberto quanto aos termos da futura relação do Reino Unido com a União Europeia, mas na realidade só existe uma opção: bons acordos de trabalho que salvaguardem a competitividade", afirma hoje Nichola James, 'Co-Head of Sovereign Ratings' da DBRS, quando se assinalam os três anos do referendo que ditou a saída do reino Unido União Europeia ('Brexit').

Numa nota de análise hoje divulgada, a agência de 'rating' DBRS indica que o Reino Unido pode olhar para vários exemplos de relações bilaterais com a União Europeia (UE), apontando que a Suíça e a Noruega não fazem parte da UE, mas ambos os países têm acesso ao mercado único europeu, embora "através de caminhos diferentes".

"Os modelos suíço e norueguês são exemplos interessantes de relações alternativas", frisa Rohini Malkani, 'Senior Vice President' da DBRS.

Na nota de análise, a DBRS indica que o acordo do Espaço Económico Europeu (EEA na sigla em inglês - 'European Economic Area') é "a pedra angular das relações entre a Noruega e a UE e assegura as quatro liberdades do mercado único europeu (de bens, pessoas, serviços e capital), "nos mesmos termos que os Estados membros".

"Consequentemente, as empresas norueguesas participam no Mercado Único quase nas mesmas condições que os Estados membros e vice-versa", escreve a agência de notação financeira canadiana, acrescentando que as regras do mercado único europeu estão integradas "de modo dinâmico na lei norueguesa através do Acordo EEE".

Relativamente à Suíça, a DBRS indica que não é membro do Espaço Económico Europeu, mas é membro da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA na sigla em inglês) e as suas relações com a UE baseiam-se numa rede de acordos, constituída por 20 acordos bilaterais principais e outros 100 acordos que garantem o acesso das empresas suíças ao mercado único europeu e regem as áreas de cooperação entre a Suíça e a UE.

"A mensagem proveniente [dos modelos de relações com a UE] da Suíça e da Noruega é a de que leva o seu tempo a desenvolver e ajustar [um modelo de relações com a UE], e é provável que seja o caso do Reino Unido quando sair da UE", conclui Rohini Malkani.

Em 23 de junho de 2016, os eleitores britânicos decidiram a saída do Reino Unido da UE, com o 'Brexit' a conquistar 51,9% dos votos no referendo e cuja taxa de participação foi de 72,2%.

Na sequência daquele resultado, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a intenção de se demitir em outubro, tendo-lhe sucedido Theresa May.

O Reino Unido tinha previsto sair da UE em 29 de março, mas o prazo foi prolongado para 31 de outubro.