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Bancos centrais pedem ajuda orçamental quando ficam sem munições

O antigo economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse, em entrevista à Lusa, que não há grande margem para descer os juros na zona euro e que quando os bancos centrais ficam sem arsenal pedem ajuda às autoridades orçamentais.

Bancos centrais pedem ajuda orçamental quando ficam sem munições
Notícias ao Minuto

06:27 - 20/06/19 por Lusa

Economia Olivier Blanchard

"Quando se fica sem munições, fica-se sem munições. Então acho que [nesse caso] os bancos centrais fazem o que Mario [Draghi] fez, pedem ajuda. E dizem às autoridades orçamentais: 'fizemos tudo o que pudemos, por favor, venham ajudar'. E a política orçamental pode ser usada", afirmou Olivier Blanchard, em entrevista à Lusa, à margem do Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que decorreu esta semana em Sintra e que terminou na quarta-feira.

O economista francês, atualmente no Peterson Institute for International Economics, adiantou que, apesar dos níveis de endividamento serem elevados na zona euro, os juros são muito baixos, o que faz com que o serviço da dívida não seja muito dispendioso, permitindo que "a maioria dos países tenha capacidade de recorrer à política orçamental" para impulsionar a economia.

O presidente do BCE, Mario Draghi, anunciou na terça-feira que a instituição avançará com estímulos adicionais, que podem ser decididos nas próximas semanas, nomeadamente mais compras de ativos e cortes adicionais nos juros, se a inflação não recuperar na zona euro.

Questionado sobre se há margem para descer os juros na zona euro, Olivier Blanchard respondeu que, "de modo geral, não existe muita margem".

Sobre se ficou surpreendido com o anúncio de Mario Draghi, o economista francês respondeu que não, mas adiantou que, desta vez, o poder das palavras do presidente do BCE não será o mesmo que teve a sua célebre expressão 'Whatever it takes" [o que for preciso], proferida em julho de 2012, quando Draghi disse que faria o que fosse preciso para salvar a moeda única.

"A situação é diferente no sentido em que as taxas [de juros] são muito mais baixas e ele usou a maior parte das munições que tinha. Ainda tem algumas, é certo, e ele foi claro ao dizer que usará o que resta, mas se terá efeitos muito grandes sobre as taxas de juros, não estou certo disso", disse o antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Instado a comentar a reação do presidente norte-americano ao anúncio de Mario Draghi sobre possíveis estímulos adicionais à economia na zona euro, Olivier Blanchard respondeu apenas: "Gostaria que ele se calasse".

Donald Trump afirmou na terça-feira que uma nova descida das taxas de juro do BCE daria uma "vantagem injusta" à União Europeia face aos Estados Unidos, considerando essa eventual descida como uma manobra para fazer subir a taxa de câmbio do euro em relação ao dólar e assim impulsionar as exportações europeias.

"Mario Draghi acaba de anunciar que podem vir novas medidas para estimular a economia (europeia), o que fez imediatamente cair o euro face ao dólar, dando-lhes uma vantagem injusta na concorrência com os Estados Unidos", disse Trump, na rede social Twitter.

Na tarde de terça-feira, o presidente do BCE afirmou que a instituição não define um objetivo para a taxa de câmbio euro/dólar.

"O nosso mandato é da estabilidade de preços, de uma inflação de perto, mas abaixo de 2% no médio prazo. Disse que estamos prontos para usar todos os instrumentos necessários para cumprir o nosso mandato e não temos um objetivo para a taxa de câmbio", afirmou Mario Draghi, quando instado a responder às declarações do Presidente dos Estados Unidos.

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