"África vai ter de fazer o caminho da integração regional"
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Teresa Ribeiro, considerou hoje que o continente africano "vai ter de fazer" o caminho da integração regional mesmo que não seja um processo fácil.
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Economia Teresa Ribeiro
Em entrevista à Lusa na véspera do início dos Encontros Anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, que decorrem até sexta-feira em Malabo, a capital da Guiné Equatorial, Teresa Ribeiro disse que "África vai ter de fazer o caminho da integração regional, porque essa dinâmica traz sempre enormes benefícios".
"[Este caminho] não é fácil, mas nós também o fizemos na Europa, e obviamente que foram precisos muitos anos para que o que temos de mercado interno funcionasse bem e trouxesse benefícios óbvios para todos aqueles que nele participam, portanto são processos morosos, mas necessários para o desenvolvimento do continente africano, para fomentar relações entre Estados, criar maior fluidez nas relações comerciais, do investimento, e nos grandes investimentos, seja ao nível dos transportes, energia e até indústria, mas são processos benéficos, obviamente exigentes e são, naturalmente, compromissos de longo prazo", disse a governante.
Em causa está o tratado que estabelece uma zona de comércio livre africano, que é a maior a nível mundial, e que envolve a maioria dos mais de 50 países africanos, e que entrou em vigor no final de maio.
"O BAD, como banco especializado em África e que quer estar próximo dos seus clientes, quer posicionar-se para contribuir para a aceleração dessa integração regional, que é o grande tema da reunião deste ano", explicou a governante, considerando que este tema "é uma discussão importante não apenas do ponto de vista africano, mas também de todos aqueles que têm relações com África e no continente europeu, na União Europeia e muito especialmente em Portugal".
Para além da integração regional, Teresa Ribeiro disse que a reunião deste ano será também marcada pelo aumento de capital pedido pelo Banco no ano passado, e que pretende triplicar o valor, de 25 mil milhões de euros para 75 mil milhões.
"Outro tema em cima da mesa é de novo o aumento de capital; o BAD tem vindo a suscitar a questão, mas há posições diversas e ainda não há um consenso", disse a governante, vincando que "a posição portuguesa é de prudência" sobre este tema.
Portugal "o que tem dito é que é preciso analisar o resultado da avaliação independente que foi feita ao banco e também pôr em curso de execução todas as reformas que são necessárias para um bom desempenho do banco".
O aumento de capital "afeta diretamente a comparticipação de cada um dos Estados membros, e é obviamente uma discussão importante, cuja decisão tem de ser bem amadurecida e vista no conjunto daquilo que se espera do banco", concluiu.
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