Horta Osório diz que a banca está "no bom caminho"
O presidente executivo do Lloyds Bank, António Horta Osório, considerou hoje que a banca portuguesa está a ir "no bom caminho", mas alertou que ainda há muito por fazer, sobretudo ao nível do crédito malparado.
© Reuters
Economia Banca
"Os bancos portugueses estão a apresentar resultados positivos, mas não devemos ser complacentes porque ainda há muito para recuperar", disse o gestor, que falava hoje na conferência "Exportações e Investimento" da AICEP, que decorre na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, no concelho de Cascais.
Horta Osório começou na sua intervenção por reconhecer a melhoria dos rácios de solvabilidade da banca portuguesa ('core tier 1'), que são atualmente "positivos" e "em linha com as normas internacionais", referindo-se à importância da contribuição da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para a estabilização, não só do banco como de todo o sistema, onde a CGD representa um peso de 25%.
O banqueiro alertou, no entanto, para os níveis e percentagens "preocupantes" atingidas no crédito malparado, de perto de 15%, e que têm vindo a descer de forma acelerada.
"Dez por cento de crédito malparado ainda é muito alto", disse.
"Os bancos estão na sua maioria com resultados positivos, mas ainda há muito a fazer e o crédito malparado pode melhorar", acrescentou.
Horta Osório falou ainda na necessidade de reduzir o nível de endividamento de Portugal, que dobrou o valor de 2007 e está agora nos 120% do Produto Interno Bruto (PIB), referindo que Portugal demonstra um problema de "falta de ambição".
"É um valor alto em termos absolutos e é um valor alto se compararmos com países como Itália, ou Espanha. A Alemanha é um exemplo não só europeu, mas mundial. É um país muito rico que vive dentro das suas possibilidades", disse.
"Segundo as projeções de crescimento para os próximos três anos, Portugal crescerá à volta dos 2% em linha com a Irlanda, Espanha e zona euro. Mas é manifestamente pouco. Deveríamos ter mais ambição para o país em termos de crescimento", disse.
Para o banqueiro, a Irlanda conseguiu criar o dobro da riqueza real em relação a Portugal e esta comparação mostra "a falta de ambição [de Portugal] e demonstra que é obviamente possível fazer mais e melhor", disse.
Horta Osório abordou ainda "um terceiro problema" para a economia portuguesa que é o demográfico e para o qual reiterou a necessidade de um "pacto suprapartidário" para as próximas décadas.
Para tentar responder ao desafio da demografia, o presidente executivo do Lloyds Bank tem vindo a sugerir três vias: aumento da taxa de natalidade, que leva tempo, atrair de volta os jovens que deixaram o país na última década e atrair estrangeiros com incentivos que não sejam apenas os fiscais.
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