Importação nacional de eletricidade "aumentou substancialmente" este ano
A importação de eletricidade em Portugal "aumentou substancialmente" desde o início do ano, devido à pressão francesa e a uma nova central em Marrocos, adiantou a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).
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Economia APREN
Em comunicado, o organismo referiu que "a produção de energia eólica portuguesa esteve em destaque na Europa durante o fim de semana da Páscoa. No entanto, a importação nacional de eletricidade aumentou substancialmente, em consequência da forte pressão exportadora de França e da entrada em operação de uma nova central a carvão em Marrocos".
A APREN detalhou que, entre as 23:45 do dia 19 e as 21:30 do dia 21 de abril, "o sistema elétrico nacional operou sem qualquer central térmica convencional em funcionamento, fundamentalmente graças à grande contribuição da energia eólica, com produção de 95 GWh (gigawatts hora) de eletricidade durante esse período".
Por isso, Portugal ficou "em lugar de destaque na Europa, com uma incorporação de 46% de eletricidade renovável no consumo. Neste mesmo período, a produção de eletricidade renovável representou 70% do consumo, tendo sido o restante garantido por importações de eletricidade", adiantou a associação.
A APREN realçou que "as importações têm registado um grande aumento desde o início do ano", devido, precisamente, à forte pressão exportadora de França, "somada à exportação de Marrocos para Espanha - um facto inédito na última década, durante a qual Espanha tinha sido sempre exportadora de eletricidade para o norte de África".
Segundo a mesma nota, esta inversão é justificada pela entrada em operação, em dezembro do ano passado, "de uma grande central a carvão em Marrocos".
"Devido ao desequilíbrio de regras entre a União Europeia (UE) e Marrocos, que na UE obrigam ao cumprimento de normas ambientais muito mais exigentes (como a instalação de sistemas de dessulfuração e desnitrificação), a eletricidade produzida pelas centrais a carvão no mercado ibérico é preterida, por ser mais cara, a favor da produção exterior, mais barata, mas que não cumpre os mesmos requisitos ambientais", alerta a associação.
Para a APREN, isto constitui "concorrência desleal", que acaba por beneficiar uma produção que emite mais gases com efeitos de estufa, "em oposição às diretrizes europeias".
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