"Tempo para encontrar uma solução" para sistema de pensões "não é agora"
Estudo, apresentado esta sexta-feira, defende que a idade da reforma terá de aumentar em mais três anos para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões, o que para Marques Mendes levanta um debate "útil" saudável, mas cuja solução não será encontrada já.
© Global Imagens
Economia Marques Mendes
Um estudo, apresentado esta sexta-feira, pela Fundação Francisco Manuel dos Santos projeta défices crónicos dentro de oito anos e aponta como solução o aumento da idade da reforma para os 69 anos, mais três anos do que atualmente, para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões.
No seu espaço de comentário na antena da SIC, Luís Marques Mendes, começou por referir que a matéria presente no relatório é de grande importância e que diz respeito a toda a gente e que por isso, mesmo, "é sempre útil debatê-la. Goste ou não se goste do estudo A ou do estudo B".
O comentador continuou classificando algumas das críticas feitas à investigação como "um pouco exageradas", dando o exemplo das do ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, que classificou as ideias como "ingénuas" e cujo objetivo é "abrir o mercado aos privados".
"Primeiro, o estudo até é feito por uma instituição pública, o ICS, segundo, é financiado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que sendo uma entidade privada, tem prestado um serviço público inestimável. Portanto, não me parece que, goste ou não se goste das conclusões, se deva apelidar de uma encomenda do privado", referiu.
No entanto, sobre a "questão de fundo", Marques Mendes dá conta de que o estudo "aponta problemas e eventuais soluções" e tem mérito, que é o de "chamar a atenção novamente para um problema" e "esse problema existe", garante.
Tentando explicar o problema em quatro dimensões, o social-democrata dá conta de que "primeiro ponto: estamos num processo acelerado de envelhecimento da população, o que significa que há mais pensionistas/reformados, logo há mais despesa; segundo: a esperança de vida está a aumentar, as pessoas vivem mais tempo, mas isto tem uma contrapartida, que é ter-mos mais reformados e reformas durante mais anos, logo mais despesa; terceiro: temos também uma diminuição da população, e enquanto não se compensar isto com uma política de emigração inteligente, isto significa menos ativos, logo menos gente a descontar, logo menos receita; e finalmente, haver o susto de ter menos crescimento económico".
Marques Mendes conclui que "se houver uma constipaçãozinha na nossa economia, basta uma ligeira subida do desemprego e temos mais despesa social e menos receita, ou seja, há um desequilíbrio".
Por isso mesmo, para Marques Mendes, apesar de o debate sobre a sustentabilidade do sistema de pensões ser saudável e a busca por soluções também, "o tempo para encontrar uma solução não é agora".
"É verdade que há ideologias diferentes, mas também tem de haver pragmatismo, porque o problema, é muito real", alertou e, acrescentou, que "deve ser tratado no início de uma legislatura, a seguir a umas eleições e não em véspera de eleições, porque no período de campanha eleitoral, como é o período em que estamos, todo o debate está um pouco envenenado".
"Portanto, o debate é útil, o estudo é sempre interessante, goste-se ou não se goste, concorde-se ou não se concorde, alerta para um problema e que deve ser enfrentado na altura própria", rematou.
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