Com Portugal, a China tem "um pézinho na UE" sem investimento "desejado"
O ex-governador de Macau Carlos Melancia afirmou hoje que a China escolheu Portugal para ter "um pézinho na Comunidade Europeia", mas o investimento que faz "não é o mais desejado", criticando os governos portugueses por aceitarem essa decisão.
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Economia Carlos Melancia
"A China escolheu, entre outras coisas, Portugal para ter um pézinho na União Europeia, antes que os Estados Unidos fizessem acordos com a Europa", afirmou Carlos Melancia, 92 anos, em entrevista à Lusa.
Mas na sua opinião poderia ter feito melhor no modo. "Poderia fazê-lo melhor, com investimento de raiz", realçou, sublinhando: "as participações financeiras que a China realizou em Portugal não são aquelas que do meu ponto de vista seriam as mais desejadas".
Como exemplo, o antigo governador de Macau aponta como exemplo a compra de uma participação na EDP, por parte da gigante chinesa China Three Gorges: essa opção "não cria postos de trabalho. Quando muito resolve um problema financeiro, se for caso disso".
O Governo português, na sua opinião "o que tem feito até hoje é aceitar que as empresas chinesas tomem conta da saúde", por exemplo, mas sem investimento direto. Enquanto que "o que seria útil era isso" para o país, defendeu.
"Se isto não foi tratado [nas relações diplomáticas entre os dois países] deveria ter sido abordado".
Em relação à visita do Presidente da China a Portugal, Xi Jinping, já no final de 2018, Carlos Melancia considerou que o líder chinês tem Lisboa como um parceiro preferencial e que o executivo português deveria ser mais eficaz e exigente nessa gestão.
"Uma visita desta natureza só reforça a minha teoria de que a China apostou que um dos parceiros que lhe interessa para ter um pé na Europa é Portugal", disse.
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