China anuncia meta ambiciosa para a economia e sobe gastos com a Defesa
O Governo chinês anunciou hoje uma meta ambiciosa para o crescimento económico e um aumento de 7,5% nos gastos militares, para este ano, apesar da incerteza suscitada pelas disputas comerciais com os Estados Unidos.
© Reuters
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No arranque da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), órgão máximo legislativo da China, o primeiro-ministro do país, Li Keqiang, estabeleceu como meta para 2019 um crescimento económico "entre 6% e 6,5%".
Trata-se de um ritmo ligeiramente abaixo ao alcançado no ano anterior, de 6,6%, mas ainda assim entre os mais rápidos do mundo.
Numa resposta às queixas de Washington e Bruxelas sobre o acesso ao mercado chinês, Li garantiu "igual tratamento" para as empresas estrangeiras e concorrentes nacionais.
O primeiro-ministro prometeu ainda "promover as negociações comerciais entre a China e os EUA", sem avançar detalhes sobre o estado das negociações que visam pôr fim a uma guerra comercial que ameaça a economia mundial.
Na segunda metade do ano passado, China e EUA aumentaram as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.
O presidente norte-americano, Donald Trump, exige que a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes atores em atividades de alto valor agregado.
Washington quer também mais acesso ao mercado, melhor proteção da propriedade intelectual e o fim da ciberespionagem sobre segredos comerciais de firmas norte-americanas.
Mas Li Keqiang prometeu ainda aumentar os gastos com o desenvolvimento do setor tecnológico, que o Partido Comunista Chinês considera crucial para elevar o estatuto global do país.
E alertou que a segunda maior economia do mundo enfrenta um "ambiente mais severo e mais complexo", com riscos que se podem tornar "maiores em número e tamanho".
A ANP, cuja sessão anual decorre até 14 de março, é o "supremo órgão do poder de Estado na China" e a "expressão máxima da democracia socialista".
Contudo, os cerca de 3.000 delegados à ANP, entre os quais uma representação das Forças Armadas, não são eleitos por sufrágio direto e o "papel dirigente" do Partido Comunista Chinês (PCC) é "um princípio cardial".
A Assembleia deve rever a legislação que regula o investimento estrangeiro, para acabar com a transferência forçada de tecnologia, visando atender a uma das principais queixas de grupos empresariais norte-americanos e europeus.
Li anunciou também a subida dos gastos públicos em 6,5%, comparativamente ao ano passado, para 23 biliões de yuans (3,03 biliões de euros) e um aumento do rácio do défice, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), em 0,2 pontos percentuais, para 2,8%.
Este estímulo permitiria impulsionar "significativamente o poder de compra" dos consumidores e empresas e ajudaria a aumentar a procura por automóveis, eletrodomésticos e outros bens, afirmou num relatório Vishnu Varathan, do banco japonês Mizuho Bank.
O governo quer "garantir uma aterragem suave", para a economia, descreveu Varathan.
Os gastos com a Defesa vão aumentar 7,5%, para o equivalente a 156,7 mil milhões de euros, segundo um relatório difundido pelo ministério chinês das Finanças, que antecedeu à abertura da ANP.
Yue Gang, um especialista militar e coronel aposentado do Exército chinês, considerou que o aumento relativamente modesto dos gastos militares - abaixo das subidas de dois dígitos dos últimos anos - reflete as novas condições económicas que o país enfrenta.
"É mais urgente que a China se prepare para uma guerra comercial com os EUA do que uma guerra física", disse.
O orçamento da Defesa impulsionará a construção naval e a compra de aeronaves de última geração e outro armamento, visando reforçar as reclamações territoriais chinesas no mar do Sul da China e firmar a posição do país como potência regional.
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