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Ex-diretor da CP não sabe que "objetivos não cumpriu" para ser exonerado

O ex-diretor de Material Circulante da CP, José Pontes Correia, disse hoje no parlamento continuar a aguardar resposta por parte da empresa para a sua exoneração ter sido justificada com o facto "de não cumprir objetivos".

Ex-diretor da CP não sabe que "objetivos não cumpriu" para ser exonerado
Notícias ao Minuto

13:40 - 27/02/19 por Lusa

Economia José Pontes Correia

José Pontes Correia, que falava na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, por requerimentos do CDS-PP e do PSD tendo em conta a sua exoneração em dezembro passado, começou por explicou estar orgulhoso dos 37 anos de trabalho que tem vindo a desenvolver no setor da ferrovia, salientando que a segurança é premissa naquela empresa.

"Posso afirmar com convicção e certeza que o transporte ferroviário sempre teve como primeira premissa a segurança, cultura essa que perdura e que é passada ao longo de gerações de ferroviários", afirmou José Pontes Correia.

Segundo o responsável, que entrou na empresa em 1982 tendo passado por diversas áreas, foi exonerado de funções em 06 de dezembro de 2018 pelo Conselho de Administração da empresa, mas só em 17 de dezembro, através de comunicado de imprensa, conheceu as razões apontadas.

"No comunicado que a CP divulgou fiquei a saber, e passo a citar: 'importa salientar que a exoneração do diretor de material circulante da CP não tem qualquer ligação com tal decisão - por discordar do aumento do ciclo de manutenção das unidades UTE2240 -, mas, tão somente, com a não verificação de condições objetivas para o exercício da função'. Continuo a aguardar que, a qualquer momento, apareça a justificação de quais foram as condições objetivas que eu não reunia para continuar no exercício da função", disse.

Aos deputados, José Pontes Correia elencou algumas razões pelas quais considera ter sido afastado do cargo, nomeadamente o facto de não ter concordado com o aumento em 10% do ciclo de manutenção das unidades triplas elétricas (UTE), sem um documento técnico que atestasse que era possível fazê-lo em segurança.

De acordo com o ex-diretor, o primeiro caso que aponta ter contado para a sua exoneração foi de que "teria conduzido mal o processo em relação à Siemens criando dificuldades ao Conselho de Administração".

A segunda situação tinha a ver com pagamentos à EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), situação esta que vem desde 2014, tendo o responsável afirmado: "Fui diretor de material entre junho de 2017 e dezembro de 2018, mas tudo bem".

"Nunca aceitei devolver as garantias bancárias de 11 milhões à Siemens, mas só uma parte, o que corresponderia mais ou menos a metade, no entanto, depois de alguma luta da minha parte, a Medway (Transportes e Logística, originalmente denominada de CP Carga) aceitou aquilo que desde o princípio não defendera e ambas aceitaram tudo", adiantou.

O responsável acrescentou ainda que a terceira razão foi "não ter aceitado que mudassem para mais 10% o ciclo de manutenção das unidades triplas elétricas (UTE), que de um milhão e 700 mil quilómetros fizessem mais 100 mil quilómetros antes da manutenção".

José Pontes Correia frisou que as composições, que fazem "mais ou menos 20 mil quilómetros por mês", andariam cerca de cinco meses mais, e que só aceitaria a alteração do prazo com "um documento técnico que garantisse que estavam reunidas todas as condições de segurança".

As Unidades Triplas Elétricas, ou automotoras, em questão são utilizadas para as ligações entre Lisboa e Tomar, alguns serviços regionais em vários pontos do país, a ligação entre a Figueira da Foz e Coimbra e ainda para substituir alguns Intercidades com destino a Évora.

As composições têm de ir à manutenção depois de percorrerem 1,7 milhões de quilómetros, para avaliar os seus rodados e ver se há necessidade de substituição. A CP decidiu aumentar o prazo de circulação das UTE de forma a evitar que muitos comboios fossem para estaleiro durante o inverno.

A questão do acidente ocorrido em setembro de 2018 com um Alfa Pendular que saiu de Santa Apolónia com destino a Braga, mas em Campanhã, Porto, os rodados ficaram incandescentes e largaram fumo levando à paragem imediata, foi igualmente referida na audição.

José Pontes Correia garantiu aos deputados que a "cultura de segurança não é retórica" na CP, havendo confiança no trabalho de todas as equipas, embora tenha assinalado que a EMEF foi perdendo "técnicos muito qualificados" cujos lugares não foram preenchidos posteriormente.

"O Alfa Pendular é o mais vigiado e mesmo assim houve um rolamento que gripou. Era impossível saber que ia acontecer", afiançou.

José Pontes Correia reconheceu que o material circulante "é velho", mas que "de 15 em 15 anos é refeito. É descascado e os seus órgãos mecânicos, elétricos e eletrónicos são refeitos", avançando que os ciclos de manutenção normais agora "demoram o dobro do tempo a serem feitos" devido à escassez de técnicos na EMEF.

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