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"Há escassez de empresas que preencham requisitos de transparência"

O Governador do Banco de Portugal afirmou hoje que, no mercado de capitais, "há escassez de empresas que preencham os requisitos de transparência" e sublinhou que, "sem transparência e sem contas auditadas, é muito difícil criar confiança no tecido empresarial".

"Há escassez de empresas que preencham requisitos de transparência"
Notícias ao Minuto

15:31 - 19/02/19 por Lusa

Economia Carlos Costa

"Do lado do mercado de capitais, há escassez de empresas que preencham os requisitos de transparência e de dimensão necessários para gerar confiança do lado dos investidores, mesmo os que têm maior apetite ao risco", afirmou hoje Carlos Costa, ao falar na conferência 'Via Bolsa - Financiamento Através do Mercado de Capitais', que decorre no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O governador do Banco de Portugal frisou que "sem transparência, sem contas auditadas, é muito difícil confiar e criar confiança no tecido empresarial".

Na sua intervenção, Carlos Costa referiu também que Portugal não dispõe de "estruturas vocacionadas para o financiamento de novos empreendedores, sobretudo quando iniciam projetos de maior risco".

O governador salientou que "o setor financeiro desempenha um papel crítico na afetação eficiente dos recursos de qualquer economia", e acrescentou que "a sua solidez e eficiência são fundamentais para um crescimento económico sustentado, promotor do emprego e da inclusão".

Carlos Costa referiu também que "um financiamento eficiente da economia requer uma adequação dos instrumentos de captação de recursos e dos modelos de financiamento às preferências de risco dos aforradores e à natureza dos investimentos e dos investidores".

Nesse sentido, o governador do Banco de Portugal indicou que é preciso distinguir entre os investimentos realizados por empresas já existentes e o investimento realizado por entidades nascentes, "em que existe um risco do promotor e do projeto" e que será "tanto maior quanto mais inovador for o produto".

Carlos Costa indicou também que "a inovação faz parte do processo de metamorfose das estruturas empresariais e constitui uma importante alavanca da produtividade e da competitividade das empresas e da economia no seu conjunto".

E adiantou que "a capacidade de inovação depende, em larga medida, da adequação do sistema financeiro, em particular do mercado de capitais, ao financiamento de projetos inovadores".

Na sua intervenção, o responsável destacou ainda que "os bancos têm um papel crucial na captação e canalização de recursos para financiar o investimento e, consequentemente, a economia real", mas "não estão vocacionados para financiar certos tipos de investimento, particularmente os relacionados com a inovação radical", associados, por norma, a maturidades longas e "taxas de insucesso elevadas".

Assim sendo, prosseguiu Carlos Costa, o financiamento dos processos de inovação disruptivos requer "investidores com mais apetite de risco e capacidade de constituir carteiras que permitam uma soma positiva", assim como "operadores especializados ou institucionais, com capacidade de gerir carteiras de maior risco e com conhecimentos da tecnologia e do mercado ajustados ao risco que vão assumir".

Na sua intervenção, o governador do Banco de Portugal referiu-se aos fundos de investimento como "um instrumento importante para canalizar a poupança privada para a economia e aumentar as possibilidades de financiamento das empresas e dos projetos, designadamente os inovadores, contribuindo para o crescimento económico".

E, uma vez que o tecido empresarial português é dominado por empresas de pequena e média dimensão (PME),"com insuficiência de capitais próprios e incapacidade de absorção de perdas", Carlos Costa afirmou que "é necessário diversificar a oferta de produtos financeiros e promover o acesso de mais empresas ao mercado de capitais", sendo que, "do ponto de vista das empresas, as vantagens potenciais decorrem de maiores volumes de capitais próprios, menores rácios de alavancagem e maior resiliência ao ciclo económico".

Carlos Costa salientou ainda que faltam no mercado português novos investidores.

"Sem novos investidores, sem equipas de gestão profissionais, não há organização, e sem organização as empresas tem a dimensão do braço do proprietário", frisou o responsável, sublinhando que é preciso haver abertura de capitais a novos investidores e "pensar que não há saltos no vazio".

"A regeneração do tecido empresarial do país faz-se com as empresas que temos no país, não é uma política de terra queimada, não é desprezando o que temos", sublinhou o governador.

"Temos de implementar disciplinas de gestão, de propriedade, de transparência na apresentação de contas, para que os investidores se sintam confiantes", acrescentou.

Carlos Costa sintetizou que, para "criar bases financeiras sólidas potenciadoras da inovação, do crescimento sustentável e do emprego", é necessário apostar em três frentes.

Por um lado, assegurar que "o sistema financeiro é robusto e eficiente na captação e afetação de recursos", por outro lado, promover "a transparência, a profundidade, o dinamismo e a integração dos mercados de capitais europeus", e um terceiro aspeto é o reforço das políticas e instrumentos financeiros destinados a preencher as lacunas de financiamento da economia, em especial das PME e das empresas de elevado crescimento.

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