Investimento seria a melhor alavanca para economia de Itália

O investimento público seria a melhor alavanca para dar ânimo à economia italiana, que entrou em recessão no final de 2018, desde que cumpridas as regras orçamentais, indicou à Lusa Flavio Padrini, responsável do Parliamentary Budget Office (PBO) italiano.

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Lusa
08/02/2019 09:12 ‧ 08/02/2019 por Lusa

Economia

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Apostar no investimento, garantir o cumprimento das regras orçamentais, restabelecer a confiança e evitar o agravamento dos juros da dívida pública no mercado são as principais recomendações para o Governo de Itália do diretor do departamento de finanças públicas do PBO italiano, entidade homóloga da UTAO em Portugal.

"Achamos que o investimento público seria a melhor alavanca orçamental para sustentar o crescimento económico em Itália", indicou Flavio Padrini em entrevista à agência Lusa, em Lisboa, sublinhando que é indispensável que o Governo italiano aumente o investimento sem comprometer o cumprimento das regras orçamentais.

De acordo com o responsável, é importante para a evolução da economia italiana que o Governo garanta o cumprimento das regras orçamentais.

O executivo de Itália "devia assegurar que não há qualquer sinal de que o país vai reverter a descida do rácio da dívida", para tranquilizar os mercados que se têm demonstrado "muito preocupados" com o nível da dívida pública italiana, que se situa acima dos 130% do Produto Interno Bruto (PIB), mais do dobro da meta prevista de 60% no Pacto de Estabilidade e Crescimento.

"De outro modo ganha-se com uma maior expansão orçamental, mas pode perder-se com taxas de juro mais elevadas [nos mercados], e não vale a pena", alertou Flavio Padrini.

O especialista referiu que nos últimos trimestres a componente de investimento foi a mais afetada em Itália, quer ao nível público quer ao nível privado, e alertou para que os indicadores de confiança dos empresários estão a descer.

"Se não há confiança, não há investimento. Primeiro temos de restabelecer a confiança no setor dos negócios e, entretanto, evitar a subida dos juros da dívida, além da aposta no investimento público e privado", recomendou.

Em entrevista à Lusa, Flavio Padrini sugeriu que o Governo italiano pode incentivar "investimentos úteis, com impacto social e ambiental, como, por exemplo, dar incentivos aos carros elétricos".

Questionado sobre o potencial impacto do 'Brexit' nas economias do sul da Europa, como a italiana e a portuguesa, o responsável disse que o abrandamento no comércio global, decorrente de mais políticas protecionistas, é a principal preocupação, admitindo que "o 'Brexit' pode ser um problema no curto prazo, mas não o principal desafio para Itália".

Contudo, Flavio Padrini alertou para que é importante que o Governo italiano esteja preparado para qualquer cenário, seja para um "'Brexit' suave", "com um impacto mínimo", seja para um "'Brexit' abrupto", que colocaria "muitas questões práticas", nomeadamente com efeitos nos mercados financeiros.

O diretor do departamento de finanças públicas do PBO partilhou também que o gabinete italiano saiu reforçado do último debate do Orçamento do Estado para 2019, plasmado num forte aumento da exposição nos media.

Relativamente à 'performance' da economia portuguesa, Flavio Padrini deu os "parabéns" ao crescimento económico luso e às suas implicações sociais.

A Comissão Europeia reviu na quinta-feira em baixa as previsões de crescimento da economia italiana, marcadas pelo recente 'braço de ferro' entre Roma e Bruxelas sobre o orçamento daquele país.

Bruxelas antecipa agora um crescimento do PIB italiano de 0,2% este ano e 0,8% em 2020, abaixo das estimativas de 1,2% e de 1,3%, respetivamente, divulgadas em novembro passado.

 

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