Bancos portugueses com potencial para titularizar crédito mal parado
Os bancos portugueses têm potencial para realizar mais operações de titularização de carteiras de crédito mal parado, acompanhando uma tendência europeia no uso destes instrumentos, indicou hoje a agência DBRS.
© dbrs
Economia DBRS
Segundo Alessio Pignataro, vice-presidente do departamento europeu de instrumentos de dívida titularizados, Portugal, Irlanda e Itália são os países onde a agência de notação financeira canadiana espera que os bancos usem estes instrumentos financeiros para reduzirem um valor ainda elevado de crédito malparado, além de novas entradas de Espanha, Grécia ou Chipre e potencialmente o Reino Unido.
"De uma perspetiva bancária, permite uma redução de NPL [non-performing loans] mais rápida e liberta tempo da administração para se focar em novos negócios", justificou Elisabeth Rudman diretora e responsável pelo departamento europeu de análise bancária, em declarações à agência Lusa, à margem de um evento sobre o tema em Londres.
Desde 2016, os bancos portugueses efetuaram dois negócios, um número ainda baixo tendo em conta as 20 titularizações de NPL", a sigla em inglês para 'non-performing loans' ou crédito malparado, feitas por bancos italianos desde 2016, e quatro por bancos irlandeses.
O de 2017, denominado por 'Evora Finance', foi realizado pela Caixa Económica Montepio Geral, quando alienou uma carteira de créditos em incumprimento no valor de 580,6 milhões de euros, e o de 2018 foi feito pelo Banco Santander Totta, ao vender uma carteira de NPL no valor de 480,7 milhões de euros.
A DBRS atribuiu um rating de 'BBB' (baixo) para as duas transações, mas refere que o 'Evora Finance' está a revelar um bom desempenho, bem acima da estimativa inicial.
Segundo a agência, os bancos europeus fizeram progressos significativos na redução das grandes reservas de NPLs acumuladas desde a crise financeira, mas vários países cujos bancos têm níveis altos de malparado "ainda têm um longo caminho a percorrer".
Em Portugal foram implementadas reformas legais, judiciárias e fiscais para lidar com o problema, mas, referiu, em geral os bancos europeus continuam a enfrentar dificuldades para cobrar dívidas e executar hipotecas, além de sofrerem de uma rentabilidade baixa e pressões sobre os níveis de capital.
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