"Um Brexit caótico aproxima-se perigosamente", advertiu Joachim Lang, presidente da federação da indústria alemã (BDI), que avalia em 175 mil milhões de euros o volume de trocas comerciais afetadas.

"Evitar um Brexit desordenado deve ser a prioridade e a responsabilidade para isso é unicamente do Governo e da oposição em Londres", acrescentou Lang.

No caso de uma saída desordenada, sem um período de transição para atenuar o choque, as relações económicas entre o Reino Unido e a UE seria regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de vários controlos alfandegários e regulatórios.

"Não é possível, na minha opinião, preparar-se para o caos", advertiu o diretor da Câmara de Comércio alemã, Martin Wansleben, numa entrevista à rádio pública.

"Se o Reino Unido não tiver as mesmas regras da Europa, tem de pagar taxas, torna-se cada vez mais irrealista e economicamente irracional produzir nesse país para a Europa", acrescentou.

A indústria química e farmacêutica alemã, para a qual o Reino Unido é o oitavo mercado mundial, "teme um colapso das cadeias de fornecimento".

"São inevitáveis medidas de transição para reduzir os efeitos mais nefastos e isso é particularmente válido para o fornecimento de medicamentos no Reino Unido", afirmou Utz Tillmann, presidente da federação da indústria química alemã.

"Espero que a política britânica encontre um meio de evitar o pior cenário", acrescentou.

Do lado da indústria automóvel, Bernhard Mattes, presidente da influente associação de construtores alemães VDA, considerou que um 'Brexit' sem acordo seria "fatal" com "pesadas consequências para as empresas e cidadãos do Reino Unido e da Europa".

Várias fábricas de construtores automóveis alemães estão no Reino Unido, nomeadamente da BMW.

Sem uma solução ordenada "estarão ameaçados empregos na indústria automóvel, particularmente do lado britânico", afirmou Mattes, citado em comunicado.

O parlamento britânico reprovou na terça-feira de forma expressiva o acordo de saída do Reino Unido da UE negociado pelo Governo da primeira-ministra Theresa May com Bruxelas, com 432 votos contra e 202 a favor.