Trabalhadores da Matutano em greve amanhã
Os trabalhadores da Matutano vão estar esta sexta-feira em greve contra o que o sindicato diz ser a atitude "vil e egoísta" da administração querer implementar, em janeiro, um regime de laboração contínua, sem negociação prévia.
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Economia Empresas
"A empresa quer fazer de uma forma unilateral, sem negociação com o SINTAB, a implementação de uma laboração contínua [a partir de 2 de janeiro]. Os trabalhadores, que têm trabalhado desde sempre em regime de três turnos, [não aceitam o novo regime] que pressupõe que sábados, domingos e feriados sejam dias normais de trabalho", disse o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabaco de Portugal (SINTAB), Rui Matias, à Lusa.
Para o sindicato trata-se de "uma atitude vil e egoísta da administração" que não quer negociar a implementação do regime, que constituí um "transtorno muito grande" para a vida familiar dos trabalhadores da empresa.
"A Matutano é uma empresa 'sui generis' com muitas mães trabalhadoras. Isto é um drama para estas mães, muitas delas jovens, que não têm onde deixar os seus filhos nos feriados sábados e domingos [...]. Neste momento, há trabalhadores a pensar se valerá a pena continuar na empresa", acrescentou.
Segundo Rui Matias, a administração da Matutano Portugal reuniu-se hoje com cerca de 200 trabalhadores para anunciar que o novo regime iria avançar "contra tudo e contra todos", recusando-se a responder às questões dos funcionários.
O dirigente sublinhou ainda que o SINTAB fez chegar à administração da empresa a possibilidade da retirada do pré-aviso de greve, caso a negociação avançasse, mas não recebeu qualquer resposta.
Face à recusa da empresa, os trabalhadores optaram por mostrar "o quanto estão revoltados, indignados e o quanto querem que os seus direitos e das suas famílias sejam respeitados".
No entanto, Rui Matias denunciou que há muitas famílias a trabalhar na empresa, estando os elementos do casal a ser "assediados a comparecer ao seu local de trabalho, em função do seu cônjuge ou da sua situação contratual".
O sindicalista frisou ainda que o grupo PepsiCo, dono da Matutano, "precisa de saber o que a administração portuguesa anda a fazer".
Para além da greve, os trabalhadores vão manifestar-se esta sexta-feira em frente à empresa, em Alenquer, distrito de Lisboa, a partir das 07:00.
O protesto vai contar com a presença do secretário geral da CGTP, Arménio Carlos, e com deputados da Assembleia Municipal de Alenquer e da Assembleia da República.
Questionado sobre a possibilidade de os trabalhadores da Matutano avançarem com novas formas de luta, caso a administração não apresente uma resposta às reivindicações, o responsável vincou que o protesto de sexta-feira "é apenas o começo".
A administração "vai saber aquilo que tem de enfrentar. Se não tivermos respostas fazemos, [esta sexta-feira] um plenário em frente à empresa, no qual os trabalhadores se irão manifestar sob as formas de luta que achamos convenientes, uma delas de nos dias 02,03 e 04 de janeiro entrarmos, novamente, em luta com um pré-aviso de greve", concluiu.
Em resposta à Lusa, o grupo PepsiCo disse que a fábrica em questão está "a implementar uma nova organização de turnos devido à necessidade operacional e volume de crescimento", notando que, embora a mudança "tenha sido informada aos representantes do sindicato e esteja em conformidade com a lei, o acordo coletivo e os contratos individuais", reconhece o direito dos funcionários à greve.
"Continuamos comprometidos em manter um diálogo aberto e construtivo", afirmou.
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