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Museu do Vidro soma 20 anos a manter viva a arte da Marinha Grande

Já foram centenas, mas estão praticamente em vias de extinção: na Marinha Grande, são poucos aqueles que ainda sabem a arte manual do vidro. No Museu do Vidro, que está a comemorar 20 anos, mantém-se viva a história do setor.

Museu do Vidro soma 20 anos a manter viva a arte da Marinha Grande
Notícias ao Minuto

11:50 - 18/12/18 por Lusa

Economia Empresas

Instalado no Palácio Stephens, um edifício do século XVIII, o museu de dois andares inclui documentos e coleções únicas, no centro da "capital do vidro", com a Escola Profissional e Artística da Marinha Grande como vizinha.

"O museu relata a nossa história, a nossa identidade, o nosso ADN. É aqui que nascemos enquanto cidade, enquanto território. Foi aqui que se construiu toda a vida do que são os marinhenses", comenta, em declarações à Lusa, a presidente da Câmara da Marinha Grande (distrito de Leiria), Cidália Ferreira (PS).

A autarca destaca que neste museu está "refletida toda a história" iniciada com Guilherme Stephens, que no século XVI adquiriu a sua primeira indústria de vidros, até então pertencente a John Beare.

"À volta de todo este museu existe um património que também foi um legado de Guilherme Stephens e que ainda hoje preservamos. É o único museu nacional que conta a história do vidro, que conta esta arte, o artesanato e a arqueologia, na investigação que foi a história do vidro em Portugal", acrescenta Cidália Ferreira.

O vidro não tem segredos para Alfredo Poeiras, um dos poucos mestres vidreiros que resistem e há 52 anos trabalhador nesta indústria. No estúdio Poeiras Glass, "as peças são quase todas únicas".

"Não recorremos a moldes. Fazemo-las inteiramente modeladas com as mãos. Seguimos desenhos ou a nossa imaginação e trabalhamos o vidro a 1.100 graus, com a utilização de diversas cores", revela.

Com um brilho nos olhos, Alfredo Poeiras considera que o museu é também seu: "Na altura da inauguração empenhei-me e tive uma equipa a trabalhar. O museu também é muito meu, como pessoa e como vidreiro."

Alfredo Poeiras destaca o papel deste espaço - "vai transmitir às novas gerações um pouco da história" do vidro, "que se vai perdendo".

O mestre assume-se como "uma espécie em vias de extinção".

"Lamento muito. As empresas fecharam e não é um trabalho atrativo para os jovens de hoje. O vidro inteiramente manual tem os dias contados", diz.

Alfredo Poeiras duvida da capacidade para atrair jovens para o setor, até porque "hoje em dia quase todo o vidro é feito com 'robots'".

No seu entender, as novas tecnologias "tiram a parte criativa ao vidro, que lamentavelmente nunca teve um salário digno". Essa limitação levou a que as pessoas se afastassem, num "processo irreversível."

O vidreiro explicou que "quase todas as empresas têm défice de vidreiros", até porque "demora muitos anos" a dominar a arte e "as empresas também nunca quiseram investir na sua formação".

O Museu do Vidro recebeu mais de 370 mil visitas em 20 anos de vida. O espaço foi requalificado para servir como biblioteca, teatro, escola e museu, entre outros, constituindo um forte polo cultural.

"São cerca de 25 mil visitantes por ano, que levarão esta história. Qualquer peça de vidro que aqui está reporta-nos para séculos anteriores e para a sua história; reporta-nos para as mãos que souberam sempre, ao longo de todos estes séculos, trabalhar o vidro e dar-lhe esta forma artística que ainda hoje tem", afirmou Cidália Ferreira.

Nas vitrinas do Museu do Vidro, sublinha, está "contemplada a história de tantos operários vidreiros que com as suas mãos foram transformando todos os objetos em obras de arte", mesmo quando têm uma vertente utilitária.

Cidália Ferreira exemplifica com o candeeiro de uma das salas, que é "uma réplica daqueles que estão na Casa Branca".

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