Na quarta-feira, a Fed deve anunciar a sua quarta subida da taxa de juro de referência este ano. Mas depois, ninguém está seguro do que se segue -- nem, muito provavelmente, a própria Fed.

Uma confluência de fatores -- um arrefecimento da economia internacional, uma guerra comercial sino-norte-americana, uma inflação ainda temperada, quedas acentuadas e repentinas nos mercados bolsistas -- pode ter levado os dirigentes da Fed a ponderar uma mudança de política.

Muitos analistas admitem que a Fed vai sinalizar na quarta-feira se está a considerar diminuir ou suspender as suas subidas de taxas em 2019 para evitar enfraquecer demasiado a economia. E alguns preveem mesmo que a política de subida de taxas, iniciada há três anos, acabe em 2019.

A praça nova-iorquina tornou a fechar hoje em baixa, colocando os principais índices em níveis onde não estavam há mais de um ano.

O Dow Jones industrial Average caiu hoje 507 pontos, depois de ter caído 496 na sexta-feira, com os investidores a darem sinais de estarem a perder confiança nas perspetivas de crescimento da economia dos EUA, quando a economia internacional acumula sinais de enfraquecimento.

"As incertezas sobre o desempenho da economia (dos EUA) em 2019 dispararam", afirmou Sung Won Sohn, economista-chefe da SS Economics, acrescentado: "Penso que 2019 vai ser um ano difícil para a Fed".

Sohn prevê que, depois de crescer 3% este ano, a economia dos EUA se expanda 2% em 2019. Desta forma, à semelhança de outros economistas, prevê que a Fed só eleve as taxas de juro duas vezes no próximo ano.

David Jones, economista e autor de vários livros sobre a Fed, vai mais longe e só antecipa uma subida em 2019.

Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics, está esperançoso no crescimento de 2019, porque pensa que os estímulos provenientes das reduções de impostos e dos aumentos da despesa pública ainda não se desvaneceram.

Assim, Zandi não espera que a Fed aperte muito a concessão de crédito no próximo ano. Mas para 2020, Zandi espera um acentuado arrefecimento da economia e um risco crescente de recessão.

Lawrence White, professor de Economia na Escola Stern, da Universidade de Nova Iorque, disse esperar que a Fed esteja ciente dos erros que fez nos anos de 1970, quando os seus dirigentes permitiram que a inflação crescesse, o que veio a requerer taxas de juro elevadas e uma dolorosa recessão para a eliminar.

"Nunca vimos este desemprego tão baixo em quase 50 anos", salientou, recomendando: "A Fed tem de ser cautelosa".