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PSI20 com queda de 10% e analistas mantêm-se pessimistas para 2019

O PSI20 acumula perdas de 10% desde o início do ano e é um dos índices com pior desempenho a nível europeu em 2018, segundo analistas contactados pela agência Lusa, que admitem novas perdas em 2019.

PSI20 com queda de 10% e analistas mantêm-se pessimistas para 2019
Notícias ao Minuto

09:00 - 13/12/18 por Lusa

Economia 2018

Depois de ter fechado 2017 com uma valorização acumulada de 15%, acima dos principais índices europeus, o PSI20 na quarta-feira fechou a ganhar 1,35% para 4.842,58 pontos, acumulando uma queda de 10,1% desde o início deste ano (na última sessão de 2017 fechou nos 5.388,33 pontos).

O índice conseguiu o seu ponto mais elevado em 23 de janeiro e o ponto mais baixo em 23 de novembro, num final de ano marcado pela grande incerteza em relação ao 'Brexit' e ao orçamento italiano, a guerra comercial entre os EUA e a China e as tensões políticas e sociais em França.

"De um modo geral, as perspetivas não me parecem encorajadoras para 2019", disse à Lusa o diretor da Católica Lisbon School of Business and Economics, Nuno Fernandes.

Em 2019, refere, Portugal e o seu mercado acionista continuarão muito dependentes do contexto externo.

"Em termos de níveis de valorização, o mercado português não se encontra sobrevalorizado, quando comparado com outros mercados. Temos assim as bases para uma boa performance em 2019, onde espero retornos acima dos 6%. No entanto, um abrandamento do comércio internacional terá um impacto muito negativo nas nossas ações, uma vez que alguns dos nossos 'pesos pesados' são altamente expostos ao exterior, e contam com crescimentos importantes fora de Portugal", sustentou.

Igualmente pessimista relativamente ao desempenho do mercado acionista em 2019 está o professor do ISEG -- Lisbon School of Economics and Management João Duque.

O economista lembrou, a propósito, que tendo em conta que mais de metade do EBITDA (lucro antes impostos, amortizações e depreciações) das empresas cotadas na Euronext Lisbon tem origem em atividade fora de Portugal, a sua cotação estará sempre dependente destes mercados e, "portanto, mais difícil será a previsão".

Mas a tendência geral, de acordo com João Duque, será para uma desaceleração da economia externa com impacto negativo nas cotações.

"A poder compensar este efeito há a esperançada abertura do mercado angolano que poderá favorecer as empresas que aí mantêm posições significativas", disse.

"Quanto ao mercado interno, a subida esperada nas taxas de juro e o arrefecimento do crescimento interno também não auguram um aquecimento das cotações. Por isso estou 'bearish' (pessimista) relativamente ao desempenho da rendibilidade acionista do mercado nacional", acrescentou.

Para o diretor da banca 'online' do Banco Carregosa, João Queiroz, persiste um elevado número de incertezas, e dúvidas sobre o futuro de curto prazo, nomeadamente ao nível do dossier 'Brexit', "que impede uma clara perceção da avaliação das empresas do PSI20".

"Se nos concentrarmos apenas nas variáveis internas não se registaram alterações estruturais relevantes, mantivemos os estímulos ao consumo e à despesa sem estimular o investimento produtivo, pelo que o abrandamento do ritmo de crescimento económico dos principais parceiros poderá colocar uma perspetiva entre neutral a negativa na evolução das receitas e dos lucros das cotadas em 2018", refere.

Mesmo assim, sinaliza, "as exportadoras de base industrial podem continuar a ser as mais interessantes opções por não estarem dependentes do clima doméstico que, apesar das eleições legislativas e para o Parlamento Europeu, pode conhecer um cenário psicológico atraente".

No contexto externo, as grandes empresas com presença global "estão a evidenciar menor capacidade de fazer crescer as receitas optando por investir em programas de compra de ações próprias, não investindo no aumento da capacidade produtiva ou na aquisição de outras", referiu à Lusa.

"As taxas de juro na Europa não deverão aumentar no próximo par de anos e as cotações das mercadorias não deverão pôr em causa a estabilidade de preços. Por isso, a incerteza do processo do 'Brexit' pode ser a variável mais relevante a acompanhar, pois não esperamos que a situação política, económica e social em Itália e em França tenham eventos disruptivos que alterem, de forma relevante, a formação de expectativas", sustentou.

O gestor da XTB Pedro Amorim, disse, por sua vez, que "2019 não vai ser um bom ano para o PSI20" e que não ficaria surpreendido se no próximo ano o índice registasse uma desvalorização de 20%".

O responsável lembrou, a propósito, que o PSI20 é influenciado pelo mercado internacional e que o ano de 2018 está a ser marcado por um regresso à alta volatilidade nos mercados financeiros, influenciada sobretudo pela guerra comercial entre os EUA e a China e, na Europa, o 'Brexit' e o orçamento italiano.

O aumento ligeiro nas taxas de juro da dívida provocadas pela Itália provocou também um ligeiro abrandamento do consumo -- levando à redução do crescimento da economia, acrescentou Pedro Amorim, lembrando que se prevê um abrandamento do crescimento da economia europeia nos próximos dois anos devido à subida de taxas de juro.

Assim, disse, apesar da evolução do mercado dos EUA estar praticamente neutra, este ano, na Europa, os mercados ficaram marcados por um ano completamente vermelho.

"No próximo ano as perspetivas não são as melhores para os índices de ações", afirmou.

"Estamos em final de ciclo económico e com a subida de taxas de juro, na minha opinião, todo o mercado vai corrigir, Portugal não será exceção. A redução do consumo, diminuição das exportações ('Brexit' e guerra comercial) e aumento das taxas de juro da dívida continuarão a ser os riscos para 2019", acrescentou.

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