Europa pagará elevada fatura na energia se prescindir da Rússia
A Europa pagará uma elevada fatura pelos preços da energia caso fique totalmente independente da Rússia neste setor, considerou em declarações à Lusa um especialista russo que hoje participou num seminário em Lisboa.
© iStock
Economia Especialista
"É quase impossível a Europa ficar totalmente independente da energia vinda da Rússia. Seria o pior cenário porque significaria que a Europa pagaria uma elevada fatura pelos preços da energia e seria muito pouco competitiva e totalmente dependente, por exemplo, dos Estados Unidos", considerou Aleksei Grivach, diretor-geral adjunto dos Projetos de Gás no National Energy Security Fund em Moscovo e especialista em energia.
"Não seria benéfico para os consumidores e empresas europeias seguir esse caminho", enfatizou em declarações à Lusa e à margem do seminário "A Geopolítica do Gás e o Futuro da relação Euro-Russa no horizonte de 2035", que decorreu no auditório do Instituto de Defesa Naiconal (IDN).
Aleksei Grivach participou no segundo painel "A Relação energética euro-russa: atores e desafios", moderado por Teresa Ferreira Rodrigues, professora associada no departamento de Estudos políticos da NOVA FCHS, e em que também intervieram as professoras universitárias Licínia Simão e Maria Raquel Freire, com trabalhos de investigação nesta área.
O especialista em questões energéticas defendeu a necessidade de um "desenvolvimento sustentado" num mundo globalizado, e rejeitou a construção de "novos muros", incluindo neste setor estratégico.
"Devemos antes tentar promover novas pontes e manter seguras as pontes que já existem. Essas pontes, como as relações energéticas ou os contratos para o fornecimento de gás diminuem de facto o nível de contradições, de uma escalada da situação, e reduzem a possibilidade de conflitos maiores com consequências imprevisíveis para todas as partes", disse.
A "cooperação" entre a Europa e a Rússia, a procura de um "benefício mútuo para o desenvolvimento de um futuro sustentável" estiveram no centro das preocupações do orador, que rejeitou o conceito de "dependência" de uma parte em relação à outra.
"É um tráfico com dois sentidos e com óbvia interdependência, que torna as nossas relações mais sustentáveis, diminui os riscos de escalada em outros campos das nossas relações. E apesar das tensões políticas que existem agora, como em torno da Ucrânia", reconheceu.
"Devemos prosseguir a nossa cooperação e tentar despolitizar essas questões, porque a politização significa custos acrescidos para a Europa, artificiais, e que afetam a competitividade económica da Europa, em comparação com as economias dos EUA ou asiáticas", argumentou ainda.
"E também implica custos acrescidos para a Rússia e que limitam o seu desenvolvimento e modernização", concluiu.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com