Portugal dará toda "a colaboração na recuperação de capitais" de Angola
O presidente de Angola e o primeiro-ministro português estiveram, esta sexta-feira, reunidos no Porto.
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Economia António Costa
António Costa afirmou hoje, à semelhança do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que partilha da opinião de que "Portugal está disponível para colaborar com as autoridades angolanas no que diz respeito ao combate à corrupção, promoção da concorrência leal e à recuperação de capitais, que estejam indevidamente titulados".
Lado a lado com o presidente de Angola, João Lourenço, o chefe do Governo salientou que o que "importa aqui é dar o seu a quem é seu, atribuir a titularidade do capital a quem o deve ser e não à localização onde o capital se encontra localizado".
Disse-o, elogiando "a vontade" das autoridades angolanas que têm mostrado "vontade de que este processo se desenvolva sem prejudicar o sistema financeiro português".
O primeiro-ministro afirmou ainda que, relativamente ao processo de certificação e pagamento de dívidas aos empresários portugueses, "Angola já pagou metade do valor em dívida".
Costa recordou que na sua visita, em setembro, a Angola foi “possível fazer um ponto de situação público de um processo que já decorria há vários meses" e que está relacionado com a “certificação e pagamento de dívidas”.
“O processo tem avançado e neste momento estão certificados 200 milhões de euros de dívida e pagos cerca de 100 milhões, ou seja , metade”, revelou.
A fechar, o primeiro-ministro sustentou tratar-se de "um processo [que está] em curso" e "em que as autoridades angolanas têm feito um esforço muito grande de contribuir para o pagamento destas dividas e para permitir que haja uma relação de confiança forte por partes das empresas portuguesas em relação a Angola”.
João Lourenço fala em "futuro promissor" nas relações dos dois países
O Presidente de Angola, João Lourenço, afirmou hoje que a cerimónia na Câmara do Porto abre portas a "um futuro promissor" nas relações entre Portugal e Angola.
"Esta cerimónia abre as portas a um futuro promissor de cooperação e intercâmbio em todos os setores que possam contribuir para o aprofundamento das nossas relações bilaterais, pois estou convencido que a nossa visão sobre o intercâmbio ganhará expressão real nas conversações que dentro de momentos serão mantidas entre as delegações angolana e portuguesa, chefiadas por mim e pelo primeiro-ministro, António Costa", disse João Lourenço.
O Presidente angolano, , que chegou ao edifício da autarquia portuense cerca de 40 minutos depois do horário previsto, afirmou sentir-se "honrado" com esta visita ao Porto, "cidade conhecida no mundo pela sua coragem" e pelos "feitos" da sua população, que lhe valeram "titulo único de cidade Invicta".
Para João Lourenço, a história "heroica" do Porto "tem paralelo com algumas cidades de Angola", onde "também os seus habitantes souberam com estoicismo lutar pelos valores das suas cidades, pela sua liberdade e pela salvaguarda de importantes conquistas, alcançadas com esforço, empenho e dedicação".
O chefe de Estado angolano enalteceu, ainda, valores do Porto, afirmando que o município é uma "cidade do trabalho, vencedora quando se propõe realizar objetivos" e "pujante" no desempenho, quer das suas indústrias como no desporto e cultura.
Por sua vez, num discurso de boas-vindas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que poderá haver quem tenha uma "visão paternalista" em relação a Angola, mas garantiu que neste concelho se vive os "sucessos angolanos sem complexos de superioridade ou de inferioridade".
"Haverá sempre quem, pelas melhores ou piores intenções, tenha uma visão paternalista sobre o que se passa em Angola. Também haverá quem, pelas melhores ou piores razões, mantenha algum ressentimento e desconfiança. Mas, falando em nome dos portuenses, porque só em nome deles posso falar, afianço-lhe que vivemos como nossos os vossos sucessos e os vossos avanços e não temos complexos de superioridade ou de inferioridade", disse o presidente da Câmara do Porto.
Numa cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro português, António Costa, Moreira sublinhou os laços afetivos entre Portugal, dando destaque à cidade do Porto, e Angola, para depois frisar a importância do aspeto económico.
"Temos trocas económicas e os investimentos cruzados que constroem riqueza em ambas as nações. Temos famílias que se abraçam e que se foram construindo, unindo os nossos povos", disse o autarca, acrescentando que no Porto se olha para o mercado angolano "com atenção e carinho".
Por fim, apontando o exemplo da loja Kinda Home - de um grupo português implantado em Angola - que vai abrir no Porto, num investimento de cerca de 20 milhões de euros, e somando outros aspetos sobre as rotas mercantes entre os dois países, Rui Moreira referiu-se ao "empenho do Governo português no sucesso desta visita de Estado".
"É um sinal claro do caminho que vem sendo trilhado e de que o Porto faz parte e quer continuar a fazer parte", concluiu Rui Moreira, antes de entregar a João Lourenço as chaves da cidade, um ato que o autarca considerou "o mais simbólico dos atos que um presidente de câmara pode ter para com um chefe de Estado" por significar que este "não é apenas bem-vindo, mas um cidadão do Porto".
Este é o segundo dia de visita a Portugal do Presidente de Angola, que saiu dos Paços do Concelho para o Palácio da Bolsa, onde está previsto assinar acordos e reunir com o primeiro-ministro português, António Costa.
O terceiro momento que marca a visita ao Porto de João Lourenço é a participação no Fórum Económico Portugal - Angola que está a decorrer no Edifício da Alfândega do Porto.
A visita oficial termina no sábado, em Lisboa.
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