Wall Street encerra com fortes perdas na pior sessão desde fevereiro
A bolsa nova-iorquina encerrou hoje com fortes e generalizadas baixas, na sua pior sessão em oito meses, com os índices de referência a perderem mais de 3%.
© Reuters
Economia Estados Unidos
A queda foi atribuída a uma derrocada no setor tecnológico em contexto de forte subida das taxas de juro.
Os resultados definitivos no fecho indicam que o seletivo Dow Jones Industrial Average cedeu 3,15%, para os 25.598,74 pontos, na que foi a sua pior sessão desde fevereiro.
Também com a pior sessão desde fevereiro, o alargado S&P 500 recuou 3,29%, para as 2.785,68 unidades.
Já o Nasdaq viveu a sua pior sessão desde há dois anos, ao desvalorizar 4,08%, para os 7.422,05 pontos.
A queda destes três índices bolsistas foi alimentada pela forte queda dos valores tecnológicos, que têm sido o motor da subida bolsista, mas se encontram a viver uma conjuntura crítica, particularmente desde há uma semana.
O subíndice que junta os valores tecnológicos dentro do S&P500 perdeu hoje 4,77% e soma uma desvalorização superior a 5% desde a última quinta-feira.
"Os valores da tecnologia estão a sofrer porque os gestores de carteira [de investimento] estão a desviar-se deste setor, em benefício de empresas que oferecem mais segurança", inclusive para outros produtos financeiros, interpretou Tom Cahill, da Ventura Wealth Management.
Esta fuga dos investidores inscreve-se num contexto de fim da política muito acomodatícia (taxa de juro baixa para estimular o crescimento económico) do banco central dos Estados Unidos da América, a Reserva Federal (Fed), que está envolvido num processo de subida da sua taxa de juro de referência.
Esta subida tem por consequência encarecer o custo do crédito para as empresas e as famílias.
"Os atores do mercado esperam [mais] uma subida das taxas este ano e várias no próximo ano. Mas cada novo comentário da Fed, à semelhança dos de Jerome Powell [o presidente] na semana passada, leva-nos a pensar que vai ser ainda mais agressiva", afirmou Cahill.
Os investidores ficaram perturbados pelos comentários, feitos na última quarta-feira por Powell, que estimou que a Fed estava "ainda muito longe" da taxa "neutra" que pretende, uma que favoreça o crescimento sem alimentar a subida dos preços. Uma forma de dizer que se devem esperar várias subidas da taxa nos próximos meses.
Desde então, as taxas de juro pagas pela dívida pública norte-americana, que acompanham as do banco central, têm subido.
Na quarta-feira, a taxa dos títulos de dívida dos EUA a dez anos, às 21:30 de Lisboa, evoluía a 3,195%, depois dos 3,206% da véspera, e a da dívida a 30 anos estava nos 3,378%, depois dos 3,369% de terça-feira à noite.
Esta subida das taxas é também o sinal de que o mercado obrigacionista está a tornar-se mais remunerador, o que aumenta a concorrência com o mercado das ações.
"Os mercados acionistas beneficiaram [durante anos] de um afluxo de capitais, porque as taxas eram irrisórias. Agora, que as taxas estão a subir, os capitais, no final de contas, vão dirigir-se menos para ativos bolsistas arriscados e mais para os títulos do Tesouro de curto prazo", previu Jack Ablin, de Cresset Wealth Advisors.
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