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Cereais? Clima não afetou setor, mas conjuntura internacional pode afetar

O presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), José Luís Lopes, disse à Lusa que o clima instável não afetou o setor, notando, porém, que a conjuntura internacional poderá introduzir desafios.

Cereais? Clima não afetou setor, mas conjuntura internacional pode afetar
Notícias ao Minuto

08:30 - 03/08/18 por Lusa

Economia ANPROMIS

"Neste momento, estamos [confrontados] para além das questões relacionadas com a conjuntura do mercado, com as decorrentes da conjuntura política -- regras comerciais entre os Estados Unidos, a China e a Europa, uma imposição de taxas que não eram normais no passado e que podem influenciar os mercados", disse José Luís Lopes, em declarações à Lusa.

Segundo o responsável, no que se refere à produção de cereais de regadio, como o milho e o sorgo, prevê-se que as produções se mantenham "normalizadas", devido às chuvas que se iniciaram em fevereiro e que permitiram o armazenamento de água.

Apesar de não revelar números, o presidente da associação adiantou a existência de um "ligeiro acréscimo" na área semeada com milho, ressalvando que, no que se refere à produtividade, ainda é cedo para prognósticos, uma vez que as produções estão atrasadas, sensivelmente, um mês devido às chuvas que se fizeram sentir até mais tarde.

José Luís Lopes não excluiu também a possibilidade do aumento geral que se tem verificado nos preços dos cereais poder vir a refletir-se nos produtos finais, como o caso do pão.

"À partida, com 'delay' [atraso] maior ou menor, se a matéria-prima aumenta, o produto acabado terá tendência a aumentar", sublinhou.

Por sua vez, para os cereais praganosos (trigo e cevada) o ano foi "muito melhor" do que o esperado, com uma primavera "bastante amena", tal como revelou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPOC), José Palha.

Tendo em conta esta realidade, é esperado um crescimento na produção "na ordem dos 15%".

Porém, segundo o responsável, Portugal importa cerca de 80% dos cereais que consome, devido, entre outros aspetos, à instabilidade do clima mediterrânico e às limitações do país no que se refere às quantidades, sendo, por isso, necessário apostar na valorização da produção "através da qualidade que a indústria já reconhece".

Para José Palha, o resultado final da produção não consegue influenciar o preço final dos produtos que utilizam os cereais nacionais, apesar da "valorização" que estes receberam devido à subida do trigo na bolsa.

"O trigo tem estado a subir todos os dias na bolsa europeia e como a produção da Europa teve problemas enormes de chuvas torrenciais e de secas, o nosso já está muito valorizado. É bom para a produção, mas o consumidor acaba por ficar igual, porque a quantidade que produzimos não é suficiente para influenciar o preço global", indicou.

Em 12 de julho, o Governo aprovou a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção Cerealífera, com o objetivo de tornar o setor "mais forte e eficiente".

A estratégia em causa tem como objetivo atingir, em cinco anos, um grau de autoaprovisionamento em cereais de 38%, correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos.

"O Governo pretende, deste modo, contribuir para um setor mais forte e mais eficiente, com maior capacidade de resistência à volatilidade dos mercados, com maior capacidade de oferta de um produto de elevada qualidade e mais adaptado às alterações climáticas", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros, divulgado na altura.

A estratégia foi elaborada pelo Grupo de Trabalho dos Cereais, que é coordenado pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

De acordo com os dados do grupo de trabalho, em 2016, a superfície ocupada com cereais correspondia a 257 mil hectares, uma quebra face aos 900 mil hectares que ocupava nos anos 80.

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