O principal objetivo do programa "PME Connect" é "por em contacto" as pequenas e médias empresas portuguesa (PME) com "a experiência, o conhecimento e as estratégias" dos grupos fortemente internacionalizados presentes em Portugal, os quais vão ser os "porta-aviões" da sua internacionalização, disse Paulo Caldas, diretor de Economia, Empreendedorismo, Financiamento e Inovação da AIP.

Falando à margem da cerimónia de lançamento da iniciativa "PME Connect", que decorreu hoje em Lisboa na sede da AIP, este responsável explicou que as PME nacionais vão poder "alargar a sua base de internacionalização" por via do apoio de cinco grupos empresariais: Mota-Engil (construção), EDP (energia), Pestana (turismo), Tekever (defesa) e Sonae (retalho).

E prosseguiu: "Estes foram considerados os cinco setores chave para a internacionalização das PME portuguesas".

Na tentativa de ajudar as PME a internacionalizarem-se, a AIP e a consultora Deloitte transformaram aquelas cinco grandes empresas presentes em Portugal em "professores", com o propósito de ajudar a superar vários desafios do processo de internacionalização, através da partilha de experiências e ensinamentos.

"Houve um processo de 'benchmarking' internacional (busca das melhores práticas) feito em oito mercados, caso de Israel, China e dos Estados Unidos e nos países europeus inevitáveis (França, Alemanha, Reino Unido e Espanha)", explicou à Lusa Paulo Caldas, lembrando que "não inventaram a roda".

Paulo Caldas referiu ainda que se trata da "primeira vez" que uma associação empresarial em Portugal, como a AIP, faz um programa deste tipo e com "uma abrangência tão grande" em termos de "cooperação e de parceria entre privados", isto é, "entre as grandes empresas e as pequenas".

Além das cinco grandes empresas, a iniciativa conta também com um Conselho Consultivo composto pela AICEP (Agência para o Investimento e Comercio Externo de Portugal), IAPMEI, COTEC, Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Universidade Católica Portuguesa, Ordem dos Economistas e a Casa da América Latina.

O programa "PME Connect" tem também como objetivo que as PME portuguesas se internacionalizem de uma forma sustentável, e a sua integração em cadeias de valor e a confiança nos mercados constituem "as peças chave" para o seu sucesso, salientou o responsável da AIP.

Embora a intensidade das exportações portuguesas tenha passado de menos de 30% em 2000 para mais de 43% atualmente, Paulo Caldas salientou que o processo de internacionalização das PME "acaba por ser imberbe", por ter ainda "uma solidez e sustentabilidade pouco significativa".

Até ao final deste ano será apresentado um projeto conjunto para a internacionalização, mas antes as PME selecionadas vão poder participar em grupos de trabalho onde serão trocadas experiências através de "open-days" e "activation labs".

Para as PME portuguesas a dificuldade na identificação e captação de parceiros é um dos maiores problemas identificados. "Não são os custos, não é o risco cambial, nem as diferenças culturais, mas o problema dos parceiros", salientou à Lusa o responsável.