Futuro do setor da fundição passa por "paradigma da economia circular"
A indústria de fundição está "muito exposta" à concorrência internacional, tem uma "forte dependência" do setor automóvel e sofre de um "défice de imagem", mas pode prosperar se assumir como "desígnio" ser "o paradigma da economia circular" em Portugal.
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Economia Indústria
Este é um dos vetores defendidos no Plano Estratégico para a Indústria de Fundição, elaborado pelo economista Alberto Castro e a que a agência Lusa teve hoje acesso, segundo o qual "se quiser ser protagonista e dar um passo além daquilo que define um setor (o uso de uma tecnologia comum), a fundição tem de ter um desígnio" coletivo.
"O primeiro desígnio da fundição é ser o paradigma da economia circular [conceito que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia] em Portugal", sustenta o estudo, o que implica "ser um setor exemplar e superar fragilidades, nomeadamente em termos de responsabilidade social -- condições de trabalho, ineficiência energética e emissões", entre outros.
No documento, a indústria portuguesa de fundição - que emprega mais de 6.200 trabalhadores e vende 600 milhões de euros - é descrita como "um setor exposto à concorrência internacional, para o bem e para o mal", com "uma forte dependência do setor automóvel, que representa cerca de 80% do seu mercado", e com "um défice de imagem relativamente ao seu valor".
Entre as "forças" do setor, Alberto Castro aponta o facto se tratar de um "setor pequeno", com "tradição e resiliência" e "capacidade de competir internacionalmente", que atualmente já exporta cerca de 80% da produção.
A "razoável estrutura financeira" das empresas e a "ambição" demonstrada são outras "forças" identificadas no plano, que refere ainda o "peso significativo" de algumas "unidades de referência" na indústria.
Em contrapartida, são apontadas como "fraquezas" a "pequena dimensão económica", a "reduzida visibilidade", a "fragilidade da imagem", a "dificuldade de captar e reter os colaboradores" e a "multiplicidade de especializações" do setor.
Neste contexto, o plano estratégico elege a economia circular como uma das grandes "oportunidades a não desperdiçar" pela indústria, que a fundição representa aqui "um papel único e avançado", já que recicla grande parte da matéria-prima e dos desperdícios da produção.
Ainda defendida é a "necessidade de levar mais longe a responsabilidade social das empresas" do setor, tendo por base um modelo de três P's -- 'Planet, People and Profit' (planeta, pessoas e lucro) e como pano de fundo os conceitos de "ética, sustentabilidade e 'governance' [governação]".
No que se refere às "ameaças" à indústria de fundição, são referidas a "intensificação da concorrência internacional", a "possibilidade de reestruturações/consolidações empresariais", o "protecionismo resultante dos novos desenvolvimentos da política internacional", a "evolução demográfica que se manifesta numa dificuldade crescente em recrutar", o "novo quadro legal e regulatório que impõe medidas e alterações" e o "diferencial no preço da energia relativamente a outros países".
Com vista à concretização do desígnio de assumir a fundição como "o paradigma da economia circular em Portugal", o plano estratégico defende iniciativas "no plano da inteligência económica, que utilizem 'meta data' e 'data analytics'", assim como a aposta na comunicação, imagem e formação, na atração e recrutamento e na melhoria das condições de produção e trabalho.
Recomenda ainda inovação, colaborações com outras associações, 'benchmarking' nacional e internacional, aprofundamento das parcerias com as universidades e centros de investigação e promoção nacional e internacional.
Segundo dados da Associação Portuguesa de Fundição (APF), a indústria automóvel tem um peso de 77% na faturação anual de 600 milhões de euros do setor de fundição, que entre 2015 e 2017 registou um crescimento de 10% no volume de negócios.
O setor é sobretudo constituído por Pequenas e Médias Empresas (PME), mas 14% são grandes empresas - percentagem que a APF diz ser "incomum noutros setores da economia nacional" - assumindo-se como "uma das indústrias nacionais com maior componente exportadora e melhor saldo da balança comercial".
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